São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996
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"Ladrões de Carros" mostra adolescentes negros sem saída

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

O primeiro filme do escritor e diretor Nick Gomez, "Laws of Gravity", era um exame competente e consistente da trajetória de um punhado de moleques brancos sem perspectiva do Brooklyn.
Em seu segundo filme, "Ladrões de Carros", Gomez não vai muito longe, exceto que os moleques agora são negros e vivem do outro lado do rio, em Newark, a capital americana do roubo de carros.
Gomez se inspirou nos adolescentes pobres, que se divertem roubando carros, e a retaliação brutal dos policiais em noticiários da TV de Nova York. Por isso as cenas são familiares e o desfecho inevitável.
Um forte sentido de cotidiano distingue "Ladrões de Carros" dos outros filmes sobre "gangstas". A vida nas ruas é repetitiva e roubar carros é apenas uma forma de passar o tempo.
Não se trata de um filme sobre certo ou errado. Do mesmo modo que "Kids", "Ladrões de Carros" aborda um universo adolescente de niilismo exacerbado, onde os personagens não têm esperança ou sentido em suas vidas.
Num filme sobre ladrões negros de carros, são os grandes carros branco e preto da polícia que dão ao bairro sua claustrofóbica dimensão. Os moleques podem roubar veículos, mas não chegam a lugar algum. Gomez providencia cenas de violência excessiva para mostrar que a brutalidade policial acontece diariamente.
O trabalho de câmera ajuda a manter um olhar íntimo, conferindo um sentido de "estar presente" aos acontecimentos. Spike Lee, que produziu "Ladrões de Carros", não faz um filme tão veemente desde "Faça a Coisa Certa".

Vídeo: Ladrões de Carro
Direção: Nick Gomez
Elenco: Sharron Corley, Gabriel Casseus
Distribuição: CIC (tel. 011/816-7391)

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