São Paulo, quarta-feira, 17 de julho de 1996 |
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Prada justifica inspiração no passado
LAUREN EZERSKY
* Pergunta - Você assumiu a casa no final dos anos 70. Isso foi há quase 20 anos, e agora você tem a grife mais badalada de todas. O que você fez? Você foi o tipo de criança que pegava os lençóis de sua mãe para fazer vestidos? Miuccia Prada - Sim. Quando eu era garotinha, costumava entrar de fininho no quarto dos meus pais e tirava os lençóis da cama deles para fazer vestidos. Eu fazia isso quando era muito menina. Pergunta - Suas criações parecem sempre se inspirar na história. Prada - Acho que todos nós nos sentimos atraídos por nossas memórias, por nosso passado. É a única coisa tangível à qual podemos nos ater. Acho que é por isso que acontecem tantos revivals. Acho que o ditado de que "tudo que é velho volta a ser novo" é mais relevante hoje do que nunca -e não há nada de errado nisso. Meu passado é a história que tenho de mim mesma. Pergunta - Mas a maioria das pessoas não admite o fato porque quer que as pessoas pensem que suas idéias são novas. Prada - Acho que agora é o momento exato para se olhar para trás. Todo mundo está fazendo isso, em todas as áreas, desde o cinema até a Broadway, passando pela arte e pela moda... até a comida! Talvez este momento no tempo não seja muito novo, só isso. Quero dizer, a verdade é a seguinte: como podemos ser revolucionários se o mundo à nossa volta, não é? Pergunta - Muitas pessoas andam reclamando dos preços. Dizem que as roupas dos estilistas são caras demais. Prada - Depende. Às vezes acho que nossos preços são terríveis, altos demais. E às vezes acho que cobramos muito barato. Mas no momento acho que nossos preços estão corretos. Sei que a qualidade de nossos materiais é de alta-costura, ou seja, muito caro. Geralmente eles custam três vezes o preço dos materiais normalmente usados. E também gastamos muito com publicidade, e assim talvez não ganhemos uma fortuna. Mas quando comparo nossa qualidade com a de outros estilistas, vejo que as criações deles são muito mais caras. Tradução de Clara Allain Texto Anterior: BASTIDORES Próximo Texto: 'Regionalismo sem-culpa' marca desfile Índice |
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