São Paulo, sábado, 20 de julho de 1996
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Caso Bamerindus já acelera nova MP

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As discussões sobre uma solução para o Bamerindus fizeram o governo apressar a elaboração da MP (medida provisória) destinada a transformar em títulos uma dívida de R$ 17 bilhões junto aos bancos.
A edição dessa MP beneficiaria tanto o Bamerindus -principal credor privado dessa dívida atrasada, com créditos totais da ordem de R$ 1,3 bilhão- quanto a CEF (Caixa Econômica Federal), provável compradora da carteira imobiliária do banco.
Seriam transformados em títulos os créditos contra o FCVS (Fundo de Compensação das Variações Salariais), fundo do Tesouro Nacional destinado a cobrir os subsídios concedidos pelos bancos nos financiamentos habitacionais.
No Bamerindus, a expectativa é que a MP determinando a operação seja editada em breve. Isso facilitaria uma solução para os problemas de caixa do banco.
A MP, discutida desde abril, vinha gerando divergências entre o Tesouro, o Banco Central e a CEF.
Os técnicos do Tesouro queriam, obviamente, lançar os títulos com o prazo tão longo e os juros tão baixos quanto possível.
BC e CEF, detentores de créditos contra o FCVS, defendem que os títulos paguem juros de pelo menos 6% acima da inflação. Como o lançamento dos títulos passou a ser importante nas discussões sobre o Bamerindus, as posições do BC e da CEF ganharam força.
Opções
Com a transformação dos FCVS em títulos, a CEF e o Bamerindus terão mais facilidade para obter dinheiro com os créditos.
A CEF obterá cerca de R$ 7 bilhões na forma desses títulos, negociáveis no mercado, e terá melhores condições de comprar a carteira do Bamerindus.
Já o banco paranaense poderá usar os títulos em leilões de privatização. Os papéis seriam aceitos pelo valor integral na compra de ações de estatais. Depois, basta vender as ações.
O Bamerindus prefere uma solução mais simples: vender os títulos ao BC ou à CEF -no último caso, como parte da carteira imobiliária.
Mas há um problema: o BC comprou, nos últimos meses, créditos contra o FCVS de bancos privados com desconto de cerca de 65%.
Se o governo aceitasse os títulos do Bamerindus pelo valor integral, estaria concedendo um privilégio. O Bamerindus argumenta que os créditos já estariam referendados por uma MP. Atualmente, o desconto praticado no mercado secundário embute a falta de um cronograma de pagamento.

Colaborou a Reportagem Local

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