São Paulo, domingo, 21 de julho de 1996
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Bancos emperram negociações

Muitas exigências atrapalham

PRISCILA LAMBERT
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Apesar das facilidades criadas pelo governo federal, micro e pequenos empresários enfrentam dificuldades para renegociar dívidas. Apenas cerca de 40% dos R$ 2 bilhões do programa de renegociação foram utilizados até agora.
Isso acontece porque alguns bancos estão relutando em aceitar as regras da circular nº 2.679 do Banco Central. A circular, de 12 de abril, estimula bancos a oferecerem condições mais favoráveis, diminuindo a inadimplência.
Os prazos -mínimo de 24 meses, para o valor máximo de R$ 50 mil, e de 12 meses, para abaixo do valor máximo- e encargos (taxa referencial acrescida de, no máximo, 12% ao ano) estipulados pela circular não estão sendo acatados por grande parte dos bancos.
Segundo alguns empresários, o maior obstáculo, tanto para renegociações quanto para o acesso a linhas de crédito, é o excesso de garantias exigidas, que chegam a 130% do valor do empréstimo.
Na opinião do vice-presidente da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a própria Febraban pode reverter a situação.
"Se a Febraban quer realmente acabar com a inadimplência, deve orientar seus associados a diminuírem as exigências", afirma.
Soluções
O problema, afirma Schulman, pode ser resolvido com os cheques pré-datados -proibidos pelo governo desde março de 1995- como garantia para os empréstimos.
"Os pré-datados representam cerca de 60% das vendas desses empresários. É a maior fonte de garantia que eles podem oferecer."
Segundo o presidente do Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Guilherme Afif Domingos, o ajuste de outros pontos pode garantir o sucesso das renegociações.
"Estamos reivindicando a redução do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 6% para 1,5% e maior flexibilidade em prazos."

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