São Paulo, quarta-feira, 24 de julho de 1996
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Pacote contra déficit atinge 1,8 milhão

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

Pelo menos 1,8 milhão de trabalhadores argentinos sofreram perdas salariais com o pacote decretado há dez dias pelo ministro da Economia, Domingo Cavallo. O objetivo das medidas é reduzir o déficit público, que superou US$ 2,5 bilhões no primeiro semestre.
O pacote provocou uma crise no relacionamento entre o governo e a CGT (Central Geral de Trabalhadores), dominada pelo Partido Justicialista -o mesmo do presidente Carlos Menem.
"Estamos vivendo uma situação de divórcio", disse ontem o sindicalista Lorenzo Miguel, líder das chamadas "62 Organizações", uma das alas da CGT mais alinhadas ao menemismo. Miguel deu "respaldo total" à greve geral convocada pela CGT para o dia 8.
Os sindicalistas exigem que Menem e Cavallo desistam de cortar o pagamento de salários-família. O governo espera economizar US$ 585 milhões nos próximos seis meses com a redução dos benefícios.
Outra medida que gerou protestos -inclusive de empresários- foi o fim das isenções tributárias sobre os tíquetes-refeição. Com isso, os trabalhadores perderão 17% do valor que recebem em tíquetes. Outros 17% em impostos serão cobertos pelos empregadores.
Em meio às pressões, Menem respaldou Cavallo e acelerou a divulgação do decreto da 2ª Reforma do Estado. Menen deve anunciar amanhã o número de funcionários públicos que serão colocados em disponibilidade.
Os principais prejudicados com a mudança no regime de salários-família são os trabalhadores casados que ganham mais de US$ 1 mil. Para estes, o benefício foi completamente extinto. Para os que têm três filhos em idade escolar, isso significou um corte de US$ 1.411 ao ano.
Os que recebem entre US$ 500 e US$ 1 mil sofrerão cortes escalonados -as perdas anuais irão de US$ 195 (para os que não têm filhos) a US$ 666 (seis filhos ou mais).

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