São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996 |
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Todos os galpões têm ligação irregular
ANDRÉ LOZANO
Segundo moradores, as ligações já existiam quando foram deslocados para lá, há um ano. "Quando nós chegamos ao alojamento já encontramos as ligações expostas entre os cômodos", disse a moradora Maria Pereira Vieira da Costa, 43. Os fios de eletricidade ficam expostos nos corredores, ligando cômodos opostos. À primeira vista, eles podem ser confundidos com varais. Os abrigos são de madeira. A maioria das famílias ocupa um cômodo de 2,5 m por 2,5 m, onde existem cama de casal, geladeira, fogão, botijão de gás, televisão, ventilador, aparelho de som e armário. Algumas famílias utilizam dois cômodos -um como dormitório e outro como cozinha. Os eletrodomésticos são ligados diretamente ao fio puxado do corredor. Em alguns casos, tomadas são improvisadas. Na área destinada aos banheiros e à lavanderia são comuns chuveiros quebrados, mas com os fios aparecendo, desencapados. No bloco D, por exemplo, o quadro de luz sofreu um curto-circuito há cerca de um mês, segundo moradores, e foi retirado. No local permaneceram mais de 20 fios com as pontas à mostra. A marca da fumaça do curto-circuito permanece na parede. "Eu alertei várias vezes as assistentes sociais que visitam o alojamento sobre o perigo das gambiarras (ligações clandestinas)", afirmou o padre Rosalvino Moran, que presta assistência às crianças dos desabrigados. Para o delegado da 7ª Delegacia Seccional, que responde pela área onde houve o incêndio, Luiz Alberto Souza Ferreira, as ligações irregulares no alojamento "causam uma sobrecarga absurda". "Pelo que vimos, o alojamento tem risco iminente de incêndio", disse ele. Segundo o delegado, a responsabilidade pela transferência das famílias é da prefeitura. O pedreiro José Batista dos Santos, que trabalha em canteiros de obras iguais ao alojamento que pegou fogo (antigo canteiro da construtora CBPO) disse que as empreiteiras proíbem funcionários de ligarem aparelhos elétricos ou de usarem fogões nos dormitórios. Empreiteiras ouvidas pela Folha disseram que nos alojamentos provisórios um dos galpões é destinado à cozinha coletiva para evitar aglomeração de botijões de gás. Além disso, são permitidos somente rádios portáteis para evitar sobrecarga elétrica. Texto Anterior: Botijões viraram 'maçaricos' Próximo Texto: SP tem sete abrigos provisórios Índice |
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