São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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Desabamento em 89 causou troca de acusações

DO BANCO DE DADOS E DA REDAÇÃO

O desmoronamento de um aterro ilegal provocou a morte de 14 moradores -12 crianças- da favela Nova República, no Morumbi (zona sul de São Paulo), no dia 24 de outubro de 1989, a menos de um mês das eleições presidenciais.
O acidente provocou uma intensa troca de acusações no horário eleitoral gratuito.
Os candidatos Paulo Maluf (PDS), Fernando Collor de Mello (PRN) e Ronaldo Caiado (PSD) acusaram a prefeitura de São Paulo, de Luiza Erundina (PT), pelas mortes, como forma de atacar o candidato petista, Lula.
O desmoronamento do barranco de 80 metros de altura, que soterrou 32 dos 120 barracos da favela, foi causado por um aterro que estava sendo feito no terreno.
O local ia receber as obras de um condomínio de alto padrão.
A obra estava embargada pela prefeitura.
Erundina disse que a prefeitura já havia multado os proprietários várias vezes e exigido a construção de um muro de contenção.
Três dias depois do desabamento, ela usou dois minutos do programa de Lula para se justificar, responsabilizando os donos do terreno.
Os ataques não diminuíram. Maluf classificou o caso como "crime", e Collor usou o depoimento da mãe de uma das vítimas como última imagem de seu programa eleitoral, antes do primeiro turno.
Por causa das acusações, Erundina chegou a conseguir direito de resposta no horário do PDS.
O PT também acusou Maluf no programa eleitoral de ter "parentes" envolvidos no caso.
Uma das proprietárias do terreno que desabou era Labibe Alves da Silva, casada com Edevaldo Alves da Silva, advogado de Maluf e sogro de um de seus filhos.
A resposta de Maluf foi que não havia parentesco e que o PT deveria se preocupar em punir os responsáveis pela tragédia.
Um dos proprietários do terreno, o responsável pelo aterro e quatro funcionários da prefeitura foram condenados em junho de 93. Hoje o mato tomou conta do local. Os moradores foram transferidos para prédios da Cohab, à beira da rodovia Raposo Tavares.
Outros incêndios
No último dia 17 de junho, quatro pessoas, entre elas uma criança e um recém-nascido, morreram durante um incêndio em um prédio semiconstruído da Cohab na favela de Heliópolis (zona sul), a maior de São Paulo.
O prédio integrava um conjunto da Cohab que tinha sido invadido pelos moradores da favela.
O prefeito Paulo Maluf responsabilizou a Justiça e o vereador do PT José Mentor pelo acidente, por terem impedido que a prefeitura retirasse os moradores irregulares.
Em 84, um vazamento de gasolina causou o incêndio que matou oficialmente 93 pessoas na favela de Vila Socó, em Cubatão.

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