São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996 |
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Menem rejeita exigências fiscais do FMI
DANIEL BRAMATTI
"Vamos negociar com o FMI, mas não aceitaremos pressões e muito menos aumentaremos alíquotas. Maiores impostos só trariam mais sonegação", disse Menem, durante entrevista coletiva à imprensa estrangeira. A declaração foi feita na véspera da chegada a Buenos Aires de dois técnicos do fundo. Especialistas em questões tributárias, eles vão vistoriar o pacote fiscal do ministro Roque Fernández (Economia), que será anunciado amanhã. Segundo o jornal "Clarín", o FMI estaria exigindo um aumento nas contribuições trabalhistas patronais como forma de reduzir o déficit público, que chegou a US$ 2,5 bilhões no primeiro semestre -valor previsto para todo o ano. O ex-ministro da Economia Domingo Cavallo decretou uma redução média de 40% nas contribuições patronais a fim de incentivar a contratação de desempregados. No interior, onde o problema do desemprego é mais grave, os descontos foram maiores. Críticos de Cavallo o acusaram de provocar um rombo nas contas públicas com a medida, sem conseguir elevar os níveis de emprego. Retórica Apesar da retórica de Menem, é improvável que o pacote não traga aumentos de impostos. O mercado espera um carga adicional sobre o óleo diesel, que atualmente está isento de todos os impostos, com exceção do IVA (Imposto sobre Valor Agregado). Outra medida prevista é o fim dos subsídios ao transporte aéreo e ferroviário. Fernández também deve acabar com isenções tributárias e promover uma anistia fiscal para capitais argentinos que retornarem do exterior. Menem voltou a anunciar que a prioridade do governo é o combate à sonegação, qualificada como "o pior dos crimes". Segundo ele, o índice de sonegação no país é "dramático", chegando a 40%. O presidente respondeu às recentes críticas da Igreja Católica ao "modelo econômico" adotado pelo governo. "Um padre disse que o modelo está cobrando mais vítimas que a guerra suja. Ele deveria ler o Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano", afirmou, sem revelar o nome do religioso. O livro, escrito por Álvaro Vargas Llosa (filho de Mário Vargas Llosa) e outros dois autores, é uma crítica às experiências populistas de governo na América Latina. Menem disse ainda que seria "conveniente" para o Brasil a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. "É um grande político e precisa de mais um mandato", afirmou. Texto Anterior: Economistas defendem o ajuste fiscal Próximo Texto: Presidente dá apoio a Roque Índice |
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