São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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Malan descarta pagar compulsório já

DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que o governo não considera prioritário o pagamento, adiado há anos, do empréstimo compulsório sobre veículos e combustíveis, criado em 1986, durante o Cruzado 2.
Malan fez essa declaração um dia após o anúncio, pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), da devolução dos Fundos 157 a seus titulares.
"Um empréstimo é um empréstimo... É um empréstimo. Portanto, há um compromisso de que será devolvido", afirmou Malan.
Depois, o ministro completou: "Mas, honestamente, estaria mentindo se dissesse que essa questão está em discussão no âmbito do governo."
Seriedade
Os investimentos em Fundos 157 acabaram em 1983. Neles, desde 1967 até o seu encerramento, muitos contribuintes investiram parte do Imposto de Renda a pagar. A aplicação era feita em ações.
A CVM informará pelo correio a localização e o valor de 92,89% dos registros dos Fundos 157 que somavam, em 37 bancos, R$ 501,76 milhões em 30 de abril passado.
A autarquia pode ainda instaurar inquéritos administrativos para investigar o mau desempenho de alguns fundos. 15 instituições foram chamadas para dar explicações.
Já o depósito compulsório foi criado numa última tentativa de frear a febre de consumo e salvar o Plano Cruzado.
Malan esteve no Rio para participar da abertura do 14º Encontro Latino-Americano da Sociedade de Econometria Internacional, realizado na sede do Instituto de Matemática Pura Aplicada.
Em sua palestra, em inglês, e em sua entrevista, ele repudiou afirmações do economista norte-americano Robert Barro, para quem o Plano Real "não é suficientemente sério".
Acadêmico
Em entrevista ontem na "Gazeta Mercantil", Barro, que participa amanhã do encontro do Impa, disse que a inflação voltará.
"Não li essa matéria, vi apenas a primeira página", disse o ministro. "É, sinceramente, uma observação não-séria. Eu acho que não precisamos que um acadêmico, que não conhece praticamente nada de Brasil, venha dizer o óbvio: que, se tudo der errado, o Brasil vai ter problemas."
Em sua exposição, Malan destacou o que considera as duas grande prioridades do país: reformas estruturais e investimentos em saúde e educação.
"É humilhante para mim, como brasileiro, dizer que a média de escolaridade dos brasileiros é de quatro anos, enquanto na Argentina e no Chile é mais que o dobro", afirmou.

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