São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996
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O que restou da nossa seleção de bronze

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Bem, vamos ao que restou da malfadada campanha do nosso futebol de bronze.
A começar pelo goleiro. Para mim, mais do que as duas patéticas trombadas com Aldair, ficou-me a imagem de um Dida que conseguiu dar a volta por cima, pegando até mesmo pênalti. Não um, mas dois.
Se não é prova suficiente de boa técnica, ao menos revela capacidade de controle dos nervos.
Apesar disso, não é ainda meu arqueiro predileto para a fase que se inicia, com vistas às próximas competições sem limite de idade. Nem de Zagallo, que prefere Carlos Germano. Por que, não sei, já que temos aí em plena atividade um dos maiores goleiros da nossa história: Zetti.
Na lateral direita, os Jogos serviram para colocar as coisas no devido lugar: Zé Maria, superdimensionado por Zagallo e pelos cronistas cariocas na fase de preparação, é um excelente ala, sim senhor.
Mas não resiste a um pique de Cafu, um dos craques mais completos do futebol mundial.
Aí vem o grave problema: o miolo da zaga. Aldair segue sendo nosso becão. Já Ronaldo, embora tenha ganho a disputa com os demais pretendentes de sua geração, fez o que pôde. Problema: a lentidão para jogar na quarta-zaga, vaga a ser preenchida por Márcio Santos ou André Cruz.
Quanto à lateral esquerda, ainda que sem brilhar, Roberto Carlos segue sendo nome certo e justo.
Assim como duvido que Zagallo desfaça a dupla de volantes formada por Flávio Conceição e Zé Elias. Sobretudo porque Flávio foi a mais grata revelação desse torneio.
Quem se machucou mesmo foi Rivaldo, que terá de recomeçar do zero, em terras estranhas e sob o peso do fracasso em Miami. Se conseguir, é porque tem alma de campeão, além de futebol de craque.
Caso contrário, vamos começar uma busca infrutífera: afinal, não vejo por aí um jogador que saiba cumprir como Rivaldo cumpria antes da Olimpíada, com tanta perfeição, as três funções exigidas pelo sistema -marcar, armar e atacar pela esquerda. Minto, vejo sim: Leonardo. É o único.
Já no papel de número um, desempenhado até agora por Juninho, gostaria de ver Giovanni, mais completo. Mas vamos ter de esperar por sua adaptação ao futebol espanhol, o que não será fácil.
Juninho, como Sávio, seriam dois aríetes que eu manteria no banco para virar o jogo de cabeça pra baixo num segundo tempo tinhoso.
Assim como o desbravador Luizão, para um ataque que, de certo, apenas Ronaldinho.
*
Na moita, na moita, o Palmeiras vai rearmando seu time: Leandro e Leonardo podem não formar uma dupla milionária como os homônimos famosos, mas são afinados com a bola; Fernando Diniz e Rincón podem dar samba ou salsa, dependendo do regente. E ainda há nos bastidores, pronto para entrar em cena, o repique de Viola.
*
Tô sentindo o cheiro do perdão: se o Vasco não levantar logo a grana exigida por Flamengo e Corinthians, Edmundo vai mesmo ficar no Parque. Basta uma derrota aqui, um empate ali, sacumé, né?

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