São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996 |
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Questão de tradição
THALES DE MENEZES
Mesmo sem medalha, Meligeni foi um herói, mas alguns não aceitaram bem a derrota do rapaz na disputa do bronze. "Se perdesse de um norte-americano, tudo bem, mas perder de um indiano é dose" foi uma declaração ouvida por este colunista no domingo. Na verdade, a Índia tem mais tradição do que o Brasil no esporte. Já teve grandes conquistas na Copa Davis, chegando por três vezes ao vice-campeonato, em 1966, 74 e 87. Além disso, o país tem um tenista na galeria das grandes estrelas da história do esporte, o simpático Vijay Amritraj. Um dos melhores na virada dos anos 60 para os 70, o indiano é um diplomata nato, que virou um dos cartolas mais influentes do tênis mundial. Para se ter uma idéia de seu prestígio, ele é o único tenista ou ex-tenista que tem permissão para assistir aos jogos em Wimbledon no setor exclusivo da família real britânica. A força do tênis na Índia vem da colonização inglesa. Embora sua prática seja restrita à elite, atrai milhares de torcedores em todas as camadas sociais. Os países que têm o azar de enfrentar a equipe indiana na Davis na casa do adversário sabem como é difícil sair com um triunfo de Nova Déli. Há três grandes centros de tênis na cidade. Em um deles, está erguido o "alçapão de Déli", um estádio imponente, capacidade para 6.000 e uma das quadras de saibro mais bem cuidadas do planeta. Construído com tijolos rústicos, o lugar é um caldeirão. Além de enfrentar o forte calor, os visitantes têm que superar o barulho estrondoso da nada discreta torcida local. Leander Paes não é uma estrela, mas Meligeni perdeu para alguém que representa algumas décadas de história no tênis. Texto Anterior: O que restou da nossa seleção de bronze Próximo Texto: Efeito Capriati; Contrato renovado Índice |
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