São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996 |
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Leila Pinheiro abandona a bossa nova em 'Catavento e Girassol'
PAULO VIEIRA
"Quando mostrava Guinga para a PolyGram, minha antiga gravadora, diziam 'Você está louca, ele é muito hermético"', disse ela, em entrevista ontem no Rio. Com direção de sua amiga, a atriz Claudia Jimenez, o show fica duas semanas em cartaz no Rio e desembarca em São Paulo apenas em outubro. "Catavento e Girassol" tem um refinamento raro na discografia de Leila. Ela se notabilizou por regravar, com timbres duvidosos, temas de bossa nova. "Coisas do Brasil", um pot-pourri de bossa pensado originalmente para o mercado japonês, chegou à marca de 250 mil cópias vendidas no Brasil, excelente para uma artista de música "adulta". "Catavento" traz agora apenas músicas inéditas, com harmonias requintadas e arranjos que lembram os de Claus Ogerman em "Amoroso", de João Gilberto. A transição da bossa nova para a MPB da atual fase será radical. No show, Leila não pretende atender pedidos de bis de quaisquer temas de seu antigo estilo. "Fechei o ciclo e não me arrependo de ter gravado tanta bossa. O movimento foi o que o de melhor a música brasileira produziu. Mas eu já estava cansada das letras, datadas." Ela tem um argumento singelo para explicar o monopólio Guinga/Aldir. "Há uma nova geração de compositores, mas durante anos havia só Caetano, Chico, Djavan, Milton. Eu tinha em casa 50 músicas inéditas do Guinga e do Aldir. Ia fazer o que com elas?" Um disco inteiro com a dupla, contudo, não foi a opção original da cantora. "Tentei mesclar coisas como 'Monte Castelo' (do Legião Urbana), mas vi que não dava." Por pouco, Leila não imprime uma marca ecológica ao trabalho. A primeira idéia de título era "Madeira de Sangue", faixa do disco que traz lembranças da infância em Belém (PA) e denuncia o desmatamento da floresta. "Cresci na rua das maderereiras da cidade", diz. Texto Anterior: Pianista japonês Yukio Miyazaki toca o clássico do Brasil Próximo Texto: E o dinheiro da multa? Vai virar fumaça? Índice |
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