São Paulo, quarta-feira, 7 de agosto de 1996 |
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No filme, mundo se curva aos EUA
INÁCIO ARAUJO
Há um pouco de tudo isso em "Independence Day". E o sucesso do filme talvez se deva, em boa parte, ao fato de não investir toda a sua energia num só desses aspectos, mas de proceder a uma distribuição de forças quase científica. Ali estão provavelmente as melhores cenas do filme: os enormes discos voadores que lançam sombras sobre cidades inteiras, a explosão de edifícios (a Casa Branca, inclusive) etc. Em seguida, entramos na intriga. Ou seja: em face dessa força desconhecida e superior, e da catástrofe já incontornável, como poderemos nós, terráqueos, nos situar? Para combater esse inimigo, temos de recorrer a nossas forças interiores, conhecer nossas potencialidades. Não há mais um Flash Gordon salvador. Os heróis se dispersam. Há o aviador negro Steve Hiller (Will Smith), o presidente (Bill Pullman), o judeu ecologista (Jeff Goldblum). Aqui, o filme se torna francamente modorrento. Vai atrás do padrão de John Ford (o herói comum, não raro um "outsider"). Mas não evita o oficialismo (o presidente é o líder, o cérebro). A não ser pelos feitos aéreos de Hiller (que incluem a captura bem-humorada de um E.T.), nessa parte dava para puxar uma soneca no cinema, não fosse a música tonitruante e onipresente. Mas é nesse ponto que se prepara o desfecho como um grande combate em que inteligência, audácia e júbilo patriótico se aliam para enfrentar os invasores. Em suma, é isso. Não é muito. O necessário para seguir a tendência atual de produzir imagens que fazem cócegas nos olhos e logo podem ser esquecidas. E também para fazer do 4 de julho um dia de glória mundial: o símbolo da grandeza e dos valores norte-americanos universaliza-se, enfim. Não será demais dizer que Bill Pullman faz um presidente dos EUA a caráter: um homem frágil, sensível, mas que na hora da ação revela-se inquebrantável. Se "Independence Day" leva a uma conclusão, é a seguinte: Bill Pullman está com a reeleição no papo. Filme: Independence Day Produção: EUA, 1996 Direção: Roland Emmerich Com: Bill Pullman, Will Smith Quando: a partir de hoje nos cines Olido 1, Liberty, Paulista 1, Iguatemi 1, Eldorado 1 e 2 e circuito Texto Anterior: A GUERRA DOS MUNDOS Próximo Texto: Aliens dão papel principal a Pullman Índice |
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