São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Engenheiro vai importar sêmen dos EUA

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O engenheiro químico L. R. C., 36, vai importar espermatozóide dos Estados Unidos. A razão: ele diz ter comprado sêmen do Hospital Albert Einstein sete vezes, gasto cerca de R$ 15 mil com tratamentos e sua mulher não engravidou.
"Não confio nos bancos de sêmen brasileiros", diz L. R. C. "Não há garantia de qualidade."
Ele não culpa o Einstein -diz saber que fertilização é probabilidade. Só não quer arriscar com outro banco brasileiro.
Super Sperm
Xytex Corp., banco de sêmen norte-americano ao qual ele está recorrendo, garante 50 milhões de espermatozóides ativos por centímetro cúbico em uma patente que parece saída das páginas da ficção científica -o Super Sperm.
"Isso é uma estupidez faraônica", afirma Roger Abdelmassih, dono de uma das maiores clínicas de reprodução do país. "A quantidade necessária para uma fertilização é mínima, é de 20 milhões de espermatozóides ativos por centímetro cúbico".
É impossível garantir a gravidez -no caso de fertilização in vitro, uma em cada quatro tentativas resulta em bebê. Técnicas mais avançadas aumentam as possibilidades para 33%.
A garantia do Super Sperm pode ser puro marketing, mas o preço é mais atrativo do que o do Einstein, segundo L. R. C.
Uma palheta de espermatozóide comum da Xytex, com a qual dá para se fazer uma tentativa, custa US$ 140 na sede da empresa, em Atlanta. O Super Sperm sai por US$ 180. Já a do Einstein saiu por cerca de R$ 400, diz o engenheiro.
Ele diz que vai para Atlanta buscar o material, que é transportado em geladeira de isopor após ser congelado em hidrogênio líquido.
L. R. C. sabe dos riscos que corre na alfândega. O Ministério da Saúde está estudando se libera ou não a importação de espermatozóide.
Mais opções
Não é só pela garantia que ele vai para os EUA atrás de esperma. Segundo L. R. C., faltam opções aos bancos de sêmen nacionais.
Ele busca sêmen de um doador que seja branco, tenha 1,80 m, cabelos castanhos, olhos castanhos ou azuis, cerca de 75 kg e pratique hobbies parecidos com os deles -computação e esporte.
O banco de sêmen americano oferece outro recurso que não existe no Brasil -foto do doador.
"Faço questão da foto porque meu filho será de outra pessoa e quero saber se essa pessoa é bonita. Todo mundo quer ter um filho bonito", diz.
Gastando mais US$ 50, L. R. C. pode se certificar de que o sêmen que está recebendo é de alguém parecido com ele. Basta enviar uma foto que o computador da empresa cuida de encontrar alguém com rosto similar ao do comprador.
L. R. C. diz que teme comprar sêmen contaminado com HIV -já ocorreu um caso nos EUA. A Xytex compra sêmen -o que é permitido nos EUA- e elimina 90% dos candidatos.
(MCC)

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