São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996 |
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E a austeridade?
ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR. A edição da medida provisória para salvar os bancos estaduais, mais o novo "plano de metas" dos investimentos públicos contrapostos aos números elevados de déficit acumulado pelo Tesouro nos cinco primeiros meses do ano, deveriam, no mínimo, causar preocupação.Alguns analistas já chegam a prever que o déficit operacional do governo pode ser da ordem de 5% do PIB no final do ano e o déficit nominal ficar na casa dos 7%. Aliás, uma vez que a indexação está quase eliminada, não cabe mais falar em déficit operacional (que subtrai das despesas com juros a inflação acumulada). O que importa agora é o déficit total, isto é, o valor nominal do excesso de gastos sobre a arrecadação. Ainda que o déficit nominal deste ano seja os 5% previstos pelo governo, isto já lança dúvidas sobre a sustentação do programa de estabilização. Não se conhece nenhum caso de sucesso em acabar com a inflação adotando-se âncora cambial e juros altos, mas mantendo-se um déficit público expressivo. Cabe ao governo mostrar, de modo convincente, que o déficit nominal será reduzido, talvez para algo como 2% no final de 1997. Tão, ou mais, danoso é o "juroduto", na expressão cunhada pelo ex-governador Fleury em artigo publicado na Folha no dia 9. Só para exemplificar o estrago causado pela política de juros lunáticos do BC, a dívida do Estado de São Paulo cresceu de R$ 9 bilhões para R$ 18 bilhões nos 18 meses desde a posse do governador Covas. Um estrago da mesma proporção está sendo causado aos débitos privados. Somando tudo, e com juros, como fica o discurso que prometeu "austeridade, austeridade e austeridade"? Texto Anterior: O Congresso e a "farra do dólar" Próximo Texto: Opiniões de respeito Índice |
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