São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996
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Embratel se irrita com serviço da AT&T

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

A AT&T, uma das maiores companhias telefônicas do mundo, parceira da Embratel nas ligações telefônicas entre o Brasil e os Estados Unidos, deixou a estatal brasileira em situação constrangedora.
A empresa está oferecendo, no Brasil, um esquema alternativo para ligações internacionais, conhecido como "call back", pela metade do preço cobrado pela Embratel.
O serviço da operadora americana se chama "AT&T International Call Plan".
As ligações, do Brasil para qualquer parte do mundo, são calculadas de acordo com as tarifas telefônicas vigentes nos Estados Unidos e pagas com cartão de crédito internacional.
Ao assinar o contrato com a AT&T, o cliente recebe um número exclusivo que fica registrado nos computadores da empresa, no exterior.
Para fazer uma ligação internacional, o usuário disca para o número nos EUA e, após dois sinais de chamada, desliga o telefone.
O computador identifica o autor da chamada e, em poucos segundos, retorna a ligação -daí o nome "call back", que significa chamar de volta- e lhe dá a linha para discar para qualquer parte do mundo, como se ele estivesse nos Estados Unidos.
Até agora, só empresas pequenas se aventuravam a oferecer o serviço no Brasil e não eram bem vistas pela Embratel, embora não exista nenhuma regulamentação sobre o assunto no Brasil.
A AT&T é a primeira companhia telefônica estrangeira a entrar neste mercado, criando uma concorrência direta com a Embratel, que tem monopólio das ligações do Brasil para o exterior.
O presidente da estatal, Dílio Penedo, diz que a empresa pediu explicações à direção da AT&T nos Estados Unidos.
"Estamos procurando entender o que a a AT&T quer com essa ofensiva", declarou.
Impotente
Segundo Penedo, a Embratel não dispõe de meios para enfrentar a concorrência do "call back", a não ser por uma lei que proíba o serviço.
Há cerca de três anos, a estatal solicitou um posicionamento da consultoria jurídica do Ministério das Comunicações sobre o assunto, e foi informada de que não há base legal para proibí-lo no país.
O presidente da Embratel diz que a diferença entre as tarifas do Brasil e as dos EUA ocorre devido a vários fatores. A maior carga tributária brasileira é um exemplo.
As chamadas telefônicas feitas do Brasil, segundo informou, pagam 18,6% de imposto, enquanto a taxa, nos Estados Unidos, está entre 7% e 8%.
Além disso, as tarifas internacionais e de interurbanos brasileiras subsidiam parte dos custos das chamadas telefônicas locais.
Os serviços "call back" apareceram no Brasil há cerca de quatro anos e, segundo informações do mercado, pelo menos uma em cada dez ligações para os Estados Unidos, já é feita por este sistema.
Tarifas altas
O serviço vem se proliferando em todos os mercados que têm tarifas telefônicas altas.
Alguns países, como o Paraguai, têm leis que impedem o "call back".
Outros, como a Argentina, aprovaram leis autorizando a entrada do produto para forçar suas operadoras a reduzirem os preços.
Calcula-se que existam cerca de 30 escritórios oferecendo o "call back" no Brasil.
A maior parte atua em São Paulo e tem grandes empresas como clientes.

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