São Paulo, domingo, 11 de agosto de 1996 |
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Brasileiro deste ano teve estréia 'clandestina'
ALBERTO HELENA JR.
Faço a advertência porque, na era do marketing, o mais abrangente dos nossos torneios é tratado como um produto de quinta categoria, com regulamentos esdrúxulos e fórmulas desinteressantes. Afinal, quem presta atenção nesta fase, quando já se sabe que praticamente todas as grandes torcidas estarão no turno seguinte, aquele em que verdadeiramente haverá de se disputar o título? Por isso, clubes do porte de um Corinthians entram em campo sob o peso da humilhação antes mesmo de a bola rolar. Pois, se às vésperas da estréia os jogadores faziam fila no guichê vazio das premiações prometidas, que esperar desse time, remendado à última hora por jogadores escalados mais pelo baixo valor de seus custos do que pela excelência de seu futebol? No caso do Corinthians, especificamente, pode-se esperar tudo, até uma exibição de gala contra o Atlético-MG, que perdeu do Flamengo na estréia clandestina do torneio. Mais por força da tradição do que por qualquer outra razão. Mas até quando nosso futebol viverá apenas de tradição? * Por falar em tradição, quem viu a estréia do São Paulo percebeu que ela foi decisiva na vitória sobre a Lusa. Só que a tradição amparou-se também num bom time que levou a campo uma proposta inteligente de jogo. Nada excepcional, deslumbrante, a não ser a exibição desse menino Denílson. Mas o suficiente para manter acesa a esperança de o tricolor voltar à linha de frente do nosso futebol. Foi providencial a entrada de Djair no lugar de Adriano; deu mais consistência ao meio-campo sem perder a qualidade no toque de bola. Curiosa a história desse jogador, que surgiu como esperança no Botafogo, foi para o exterior, voltou sem brilho, deu sinais de recuperação no Flu e sumiu no banco do Flamengo até desembarcar por aqui. Tem estilo e panca dos velhos centromédios, mas flutua entre a incerteza de ser volante ou um meia à moda atual. Parreira parece ter encontrado lugar para Djair, de volta ao presente, o que, por tabela, liberou o talento de Denílson para as ações mais irresponsáveis do meio-de-campo para frente. Caiu a sopa no mel. Falta é encaixar André nesse time. Na lateral esquerda, onde Serginho desliza com fluência, impensável. Muito menos na meia esquerda do menino Denílson. Só resta, pois, o lugar de segundo volante, pela esquerda, ao lado de Axel. Se o fizer, aposto a alma que Parreira estará revelando um titular para a seleção na próxima Copa. É mamão com açúcar, de sobremesa. * Pedro Luiz Jr., da Rádio Gazeta, outro dia, lustrou sua bola de cristal e me sentenciou: "Esse garoto Piá é craque! Vai ser a maior sensação da temporada!". No dia seguinte, leio nos jornais que o velho Pepe, técnico de Piá na Inter, perdeu o proverbial comedimento e mandou: "É melhor do que o Giovanni!". Nesse pé, o Santos acaba de fazer, então, o maior negócio de sua vida, desde a vinda de Pelé para a Vila. Texto Anterior: Estréia vira 'ensaio' no Corinthians Próximo Texto: Cizânia Índice |
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