São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 1996
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Festival celebra Gastal, o Bazin' dos pampas

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A GRAMADO

O crítico gaúcho Paulo Fontoura Gastal (1922-1996) merece cada segundo da homenagem póstuma que lhe dedica este 24º Festival de Gramado.
Morto em fevereiro último, Gastal será lembrado amanhã à noite, por uma cerimônia no Cine Embaixador, sede do evento, e na próxima quinta, pelo lançamento de uma coletânea de seus textos.
"Cadernos de Cinema de P.F. Gastal" (Secretaria Municipal da Cultura/Unidade Editorial de Porto Alegre, 244 págs., R$ 15) é um excelente guia.
Não surpreende que o volume tenha sido organizado pelo crítico Tuio Becker, responsável por uma bela antologia dedicada à história do cinema gaúcho, lançada em Gramado-95.
Já naquele volume despontava a importância avassaladora de Gastal. O novo livro era a obrigatória extensão daquele.
É como uma espécie de André Bazin dos pampas que Gastal se impõe. Irmana-os o humanismo essencial, a religião do cinema, o caráter missionário dos textos e a liderança inequívoca sobre as gerações que ajudaram a formar. Se Bazin foi mais teórico, Gastal suplantou-o em militância pelo filme.
Várias faces
As várias faces de Gastal vão se revelando aos poucos no livro. Autodidata, começou a escrever aos 19 anos em sua Pelotas natal. É o fascinante amadurecimento de um escritor de cinema que nos oferece a parte inicial dos "Cadernos".
Suas primeiras resenhas são impressionistas e adjetivas como as que um Vinícius de Moraes simultaneamente estava redigindo. Com o passar do tempo e dos veículos ("Correio do Povo", "Folha da Tarde", "Jornal RS"), já em Porto Alegre, seu estilo acabaria por aproximar-se mais do de Paulo Emílio Salles Gomes, na mescla de análise e erudição.
Linha de frente
Gastal esteve na linha de frente da aplicação da teoria do autor na análise de filmes, da luta contra a censura, da profissionalização da produção nacional, da necessidade de uma Cinemateca, da melhoria das salas, do aperfeiçoamento da crítica.
Mesmo longe da câmera, Gastal foi um raríssimo "homo cinematographicus" por inteiro.
A prova estão nos "Cadernos", na riquíssima cinemateca que o SENAC-RS prepara com o acervo de Gastal e na memória de seus contemporâneos.
Mais informações sobre o livro podem ser obtidas pelo telefone (051) 221-6622.

O crítico Amir Labaki viajou a Gramado a convite da organização do festival

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