São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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Salomão cria poesia com prosa

DA SUCURSAL DO RIO

O escritor Jorge Salomão, 49, lança na próxima semana, durante a Bienal do Livro em São Paulo, "Campo da Amerika"-uma "ficção experimental" na definição do autor.
"São textos poéticos, filosóficos e fragmentados. É um livro para mexer com a sensibilidade contemporânea", diz Salomão.
Sensibilidade que, na visão do autor, anda dilacerada nos dias de hoje. Salomão diz que seu livro se inscreve num cenário onde nenhuma utopia funciona mais.
"Vivemos num lodaçal contemporâneo, com uma gosma subdesenvolvida que nos leva a querer consertar tudo com um jeitinho. Passamos sem escalas da inocência utópica para a podridão generalizada", afirma.
Falta de esperança? Salomão diz que não. Seu livro -que traz no k de Amerika uma referência a Franz Kafka e a Glauber Rocha- pretende ser "uma provocação para a mudança".
"Não há desesperança, mas sim uma esperança revolucionária", diz Salomão, explicando que a fragmentação é usada para "criar poesia em forma de prosa".
Não é só com "Campo da Amerika" (que será lançado pela editora Gryphus) que Jorge Salomão tem se ocupado.
Ele também dá os retoques finais em seu primeiro texto teatral, prepara um CD e estuda a possibilidade de traduzir para o inglês "O Olho do Tempo" (livro anterior a "Campo da Amerika").
"O Demônio Quer Paz e o Deus Quer Saracotear", a peça teatral ainda sem previsão de montagem, é definida por Salomão como um "cordel pop tecnológico".
Já o CD, ainda sem título e que será gravado a partir do próximo mês, já garantiu a participação de pelo menos um nome de peso: a cantora e compositora Adriana Calcanhoto, grande amiga de Salomão, fará a produção.
"É um trabalho experimental, meio fala, meio música. Mas nada muito confeitado", diz.
Outro projeto é o lançamento de "O Olho do Tempo" nos EUA. Salomão, que chegou de NY há cerca de um mês, entrou em contato com a editora Little Angels -que publica títulos experimentais.
"Parece que gostaram do meu trabalho e estamos negociando a tradução", diz.
Jorge Salomão vai autografar "Campo da Amerika" nos dias 24 e 25 no stand da Gryphus na Bienal do Livro (stand 173). Nos dois dias, ele estará na Bienal das 15h às 22h.

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