São Paulo, sábado, 17 de agosto de 1996
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Klein chora ao deixar Transportes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-ministro dos Transportes Odacir Klein e seu sucessor na pasta, Alcides Saldanha, choraram ontem durante a solenidade de transmissão de cargo. O novo ministro chegou a usar lenço para enxugar as lágrimas.
Saldanha disse que não se incomoda de ser "desconhecido". "É melhor chegar como um desconhecido e sair positivamente conhecido", afirmou.
Ele disse que lamentava muito estar substituindo Odacir Klein num momento em que este passa "por um drama pessoal".
Klein pediu demissão na quarta. No sábado, seu filho Fabrício, 18, atropelou e matou Elias Barboza, no Lago Norte (Brasília). O ex-ministro estava no carro. Eles não prestaram socorro.
Saldanha se definiu como "o homem que veio para dar continuidade ao trabalho de Klein". Ele disse que ficará no ministério pelo tempo que o presidente Fernando Henrique Cardoso quiser.
Saldanha se emocionou ao falar sobre Klein. "O alemão é um homem íntegro na melhor acepção da palavra. Muitos outros não teriam a coragem, nas circunstâncias em que ele estava, de tomar a atitude que tomou (entregar o cargo)", disse Saldanha.
Família
O líder do PMDB no Senado, Jader Barbalho (PA), sentou-se ao lado de Klein na cerimônia.
O ex-ministro afirmou que sua família estava sofrendo com as repercussões do atropelamento e de sua demissão. "Eles estão pagando o ônus de eu ser um homem público. Mas não têm motivo algum para ter vergonha da minha conduta no tráfego do dinheiro público."
O ex-ministro afirmou que só vai falar sobre o atropelamento quando retornar à Câmara dos Deputados, na próxima semana.
Klein é deputado federal pelo PMDB do Rio Grande do Sul. Com sua volta, o deputado Ivo Mainardi retorna à terceira suplência da bancada gaúcha.
A cerimônia de transmissão de cargo durou 30 minutos. Klein não chegou a esperar pela fila de cumprimentos e foi para casa. Ele não volta mais ao ministério.
FAE
O ministro Paulo Renato Souza (Educação) optou por uma solução doméstica para a presidência da FAE (Fundação de Assistência ao Estudante): o cargo vai ser ocupado pelo funcionário público José Antonio Carletti.
Hoje Carletti cuida da extinção do projeto dos Caics (Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente), as megaescolas públicas de R$ 2 milhões iniciadas no governo Collor (1990-1992) e rebatizadas por Itamar Franco (1992-1994).
A mudança na FAE é um desdobramento da saída do ministro Odacir Klein.
O presidente da FAE, José Luiz Portella, foi para a Secretaria Executiva do Ministério dos Transportes, em substituição a Alcides Saldanha, promovido a ministro.
Portella e Paulo Renato passaram a quinta e a sexta em São Paulo, onde receberam a notícia do presidente Fernando Henrique Cardoso da mudança de cargos. Paulo Renato disse que não teve pressão política para colocar outro nome no cargo.

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