São Paulo, sábado, 17 de agosto de 1996
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Carro de Klein atropelou operário por trás

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O operário Elias Barboza, 24, foi atingido por trás pelo Fiat Tipo dirigido por Fabrício José Klein, 18, filho do ex-ministro dos Transportes Odacir Klein, no sábado.
O IML (Instituto Médico Legal) de Brasília divulgou ontem o laudo cadavérico de Barboza. Ele mostra a presença de "hematoma em região poplítea esquerda" (parte de trás do joelho esquerdo).
Segundo a polícia, o laudo comprovaria que o operário estava de costas para o carro, quando foi atropelado, por trás.
A conclusão da polícia coincide com o depoimento do primo do operário, Oliveira Barbosa da Silva, que estava ao seu lado no momento do acidente.
Na versão do ex-ministro, Barboza estava entrando na pista para atravessá-la. Para a polícia, neste caso, a lesão teria sido notada na lateral e não apenas atrás da perna.
Os advogados da família Klein foram procurados pela Folha. Até as 19h15, o jornal não havia recebido nenhuma resposta.
Traumatismo
O operário teve morte instantânea, provocada por "traumatismo craniencefálico". Segundo o IML, ele teve os ossos do crânio fraturados (fratura estrelada).
Não foi constatada presença de álcool no organismo de Barboza. O operário também teve fraturas na mandíbula, afundamento dos dentes incisivos superiores, fraturas da omoplata e da clavícula direita, além de ter rompido o tímpano direito.
O laudo do Instituto de Criminalística, que vai indicar como foi a cena do acidente, só fica pronto na próxima semana. A Folha teve acesso a informações parciais.
Um dos pontos desse laudo é que a velocidade do carro, na hora do acidente, era, no mínimo, entre 80 km/h e 100 km/h.
Apesar de não ter marcas de freagem no local, os peritos vão se valer de "elementos residuais de velocidade", como marcas do atrito do sapato do operário no chão, para calcular mais precisamente a velocidade.
Pelo laudo da criminalística, Barboza recebeu a primeira pancada na parte de trás do joelho esquerdo, quebrando a lanterna e o farol direitos. Com o impacto, foi lançado para cima, batendo as nádegas no capô do carro.
Nesse movimento, ele virou e acertou, de lado, o ombro direito no pára-brisas (quebrando a omoplata e a clavícula) e a cabeça no encontro do teto do carro com o pára-brisas.
A colisão com a coluna provocou uma perfuração na testa, fraturando o crânio. A perícia encontrou cabelos nessa região do Fiat.
A perícia suspeita que o carro tenha retornado à pista, o que evitou um choque do operário com o teto do veículo.

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