São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996
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FHC procura minimizar resultados

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL A ROSANA (SP)

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem em Rosana, no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo), que o resultado das eleições municipais deste ano, com uma eventual derrota do PSDB em São Paulo e no Rio, não vai alterar o quadro político no país.
Procurando amenizar o impacto político do mau desempenho do candidato tucano José Serra em São Paulo, FHC reconheceu, indiretamente, que seu partido caminha para a derrota na capital paulista.
"O país vai continuar em um rumo definido, porque está entregue não a um presidente, mas a um povo que se organizou e sabe escolher não importa aqui e ali", afirmou ele.
FHC fez essa afirmação durante discurso na inauguração da última unidade geradora de energia da usina hidrelétrica de Rosana, no rio Paranapanema, na divisa entre São Paulo e Paraná.
Em sua fala, ao lado do governadores paulista Mário Covas (PSDB) e paranaense Jaime Lerner (PDT), FHC preferiu dar mais ênfase ao quadro nacional, minimizando a disputa na capital paulista.
"No conjunto, o brasileiro é um povo que sabe discernir o que é bom", disse.
O presidente insistiu em afirmar que se sente pouco qualificado para opinar sobre eleições municipais, por estar preocupado com problemas nacionais.
A Folha apurou, porém, que ele está desanimado com a campanha de Serra. O Planalto ainda tem esperança, mas acha difícil uma reviravolta em São Paulo.
Um dos pontos que mais aborrece FHC é o fato de Serra ter evitado usar o Plano Real no início da campanha, por considerar esgotado seu potencial eleitoreiro.
No Palácio do Planalto, atribui-se ao presidente a avaliação de que está faltando ânimo a Serra e que o candidato tucano perdeu oportunidades de aparecer junto a FHC no último fim-de-semana em São Paulo, quando o presidente esteve na Bienal do Livro e na pré-estréia do filme "'Tieta".
Em entrevista, ele procurou afastar o impacto das eleições municipais na condução da política econômica. Ele descartou uma mudanças ministeriais em função do resultado da disputa.
"As eleições são municipais porque o povo quer discutir os problemas locais, embora, é claro, quem analisa de longe veja o lado político. Mas o povo está querendo é melhor condição de vida, boa administração e eficiência", disse.

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