São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996
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Governo quer parceria com empresas

FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

A presidente da Comunidade Solidária, a primeira-dama Ruth Cardoso, apresentou ontem para cerca de 50 empresários reunidos na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) o Programa Alfabetização Solidária.
O projeto prevê a divisão da conta entre o governo e a iniciativa privada para a alfabetização de cerca de 50 mil adolescentes do interior do Norte e Nordeste.
O alvo do programa são jovens, entre 12 e 18 anos, que estão fora da escola. Depois de cursos intensivos, eles poderão ler algumas frases e fazer as quatro operações aritméticas básicas (soma, subtração, divisão e multiplicação).
Esse foi o terceiro encontro de Ruth Cardoso com empresários nas últimas semanas. Segundo ela, foi possível mostrar o que o governo está fazendo e conhecer projetos que já contam com o apoio de empresas privadas.
"Não há competição de projetos. O governo quer apenas dividir o custo da alfabetização com os empresários", disse.
Pelo programa, que será lançado oficialmente no dia 8 de setembro (Dia Nacional da Alfabetização), em Natal, Rio Grande do Norte, o governo se compromete a custear o transporte e o material didático para as cinco aulas semanais de três horas.
As empresas que assinarem o termo de compromisso pagam metade do custo total do programa (estimado em R$ 6.000 para cada município, por um período de seis meses -o tempo necessário para a conclusão do curso).
Pelas contas do governo, cada aluno vai custar R$ 17 por mês para os cofres públicos e R$ 17 para as empresas.
Analfabetos
Inicialmente, o programa será adotado em 31 municípios da região Nordeste e na cidade de Paulini, no Amazonas (região Norte) -a recordista em analfabetismo no país, com um índice de 82,23%.
A taxa geral de analfabetismo no Brasil, na faixa entre 15 e 17 anos, é de 12,4%. Na região Sul, 3,7%. Na região Nordeste, 26,1%.
Os "professores" serão moradores que tiverem ginásio ou colegial completo (dependendo do nível dos alunos). Eles receberão treinamento, por meio de convênio com o Crub (Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras), e um salário de R$ 100 por mês.
O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, disse à Folha que o empresário Antonio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim, já teria se comprometido a assumir os custos do programa nos 13 municípios de Alagoas.
O empresário não foi encontrado para confirmar a informação.

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