São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996
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Biografia mistura admiração e fatos

Autora aprendeu português com baiões

MARILENE FELINTO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Embora não acrescente muita coisa de fatual às biografias de Luiz Gonzaga existentes no Brasil -entre as quais, as de Sinval Sá ("O Sanfoneiro do Riacho da Brígida, Vida e Andanças de Luiz Gonzaga", Coleção Pernambucana, 6 ed., 1986) e José de Jesus Ferreira ("Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, Sua Vida, Seus Amores, Suas Canções" Ática, 1986)-, há algo de peculiar no livro de Dominique Dreyfus.
Trata-se de uma narrativa apaixonada, quase biografia romanceada, feita de fatos, mas também do trajeto traçado na letra das canções "que Lua cantava" -e feita, ainda, a partir da história da identificação com um sotaque.
Dreyfus, que aprendeu português com os baiões de Luiz Gonzaga, identifica-se afetivamente com o que chama de "o sotaque da sanfona dele (...), um sotaque que atravessou os anos, as décadas, e que nada tem a ver com as modas".
O livro sabe juntar esse tom de afeto sincero -peculiar porque localizado na infância, na formação linguística da autora-, com o estudo distanciado da vida e da obra do compositor nascido em 13 de dezembro de 1912 e morto em 1989.
Dreyfus não só dá conta do fato biográfico, como se empenha na pesquisa e análise da música de Gonzaga e da "expressão musical nordestina" no contexto maior da MPB. O trabalho inclui musicografia e discografia atualizadas.
Mas o livro tem um estranho defeito. Em um aspecto, parece que foi feito para francês ler. De vez em quando surge, no pé das páginas, um vocabulário explicando palavras nordestinas do tipo "pinotar", "cavalo esquipador" e "engalicado", como se não fosse português.

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