São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Kauffmann mostra peças grafitadas

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Aos 4 anos de idade, Anita Kaufmann já enfiava a mão nos potes de tinta, em aulas de arte na Faap.
Depois de inúmeros cursos, da cerâmica ao fantoche, a filha da escultora Renata "Reni" Heilberg começou a esculpir.
Em "Esculturas Grafitadas", em cartaz a partir de hoje na Skultura Galeria de Arte, Kaufmann demonstra com clareza que o desenvolvimento técnico não afetou a sua relação lúdica com a obra de arte.
Anita já criou em barro, aço, cimento, madeira e mármore. Calcula ter esculpido mais de uma tonelada de bronze.
Porém Kaufmann trocou o trabalho em bronze pela escultura em fibra de vidro porque seu desejo de criar peças grandes não combinava com o preço nem o peso do metal.
Além disso, a artista aprecia a fibra de vidro por sua leveza e pela "lisura do material, que faz com que você tenha vontade de passar a mão nas peças".
Essa interatividade, aliás, é uma das responsáveis pela escolha da escultura como principal meio de expressão de Kaufmann. Suas esculturas são para ser vistas e tocadas.
Grafite
A artista buscou inspiração nos traços coloridos e "universais" do grafite para construir suas peças de fibra de vidro.
Suas "esculturas grafitadas" bebem na alegria e nos traços que ela observa em muros nas ruas. Ao mesmo tempo, trazem para a galeria um pouco da característica contestatória dos desenhos públicos.
A escultura "Sem Terra", por exemplo, exprime, em diversos tons de vermelho, a dor causada pelo derramamento de sangue de policiais e agricultores em Eldorado do Carajás, no Pará.
Ao lado dos protestos estão as brincadeiras. Sempre em tonalidades gritantes, nas cores branco, vermelho, amarelo e azul, Kaufmann reverencia o litoral brasileiro na obra "Praia", brinca com o termo "mala sem alça" na peça "Mala" e faz uma releitura da bandeira brasileira na escultura "Pátria Amada", que reproduz os contornos da cartografia do Brasil de modo estilizado.
Estilizada é sua linguagem escultórica, que ela classifica de caligráfica. No volume e na forma das peças estão decalcados os traçados das mãos da artista.

Exposição: Esculturas Grafitadas
Quando: hoje, às 19h. Seg a sex, das 9h30 às 19h. Sáb, das 9h30 às 13h30. Até 6 de setembro
Onde: Skultura Galeria de Arte (r. Bela Cintra, 2.023, tel. 280-5911)
Preços das obras: R$ 600 a R$ 6.000

Texto Anterior: Discos mostram versatilidade do soulman
Próximo Texto: Ingleses brindam clássico
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.