São Paulo, terça-feira, 20 de agosto de 1996
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REELEIÇÃO DE FATO

Se as urnas de outubro confirmarem as mais recentes pesquisas, o Brasil vai conhecer um fenômeno provavelmente inédito: uma onda de vitórias de candidatos apoiados pelos atuais prefeitos.
É um cenário que não conhece fronteiras geográficas ou partidárias. No Sul, o PT é o favorito para a terceira vitória consecutiva em Porto Alegre (RS). Mas, em Curitiba (PR), é o PDT que se prepara para repetir vitória.
Já em São Paulo, o líder é do PPB do prefeito Paulo Maluf, enquanto no Rio sobe vertiginosamente o candidato do PFL do prefeito César Maia.
Em Fortaleza (CE), o PMDB tem tudo para ganhar de novo a prefeitura, enquanto em Campinas, a segunda cidade de São Paulo, é o PSDB que lidera a disputa, de novo.
Os seis partidos mais significativos do país têm, portanto, possibilidades de verem suas administrações referendadas nas urnas nos mais importantes colégios eleitorais.
Essa dispersão partidária parece demonstrar que o prestígio de boa parte dos atuais prefeitos não decorre de uma linha única de ação. Direita, centro e esquerda caminham, indistintamente, para uma boa eleição, reflexo inevitável de uma gestão julgada boa pelo eleitorado.
É possível que a origem dessa inédita onda de popularidade de governantes municipais seja a Constituição de 1988. Foi ela que transferiu recursos da União, principalmente, para os municípios, aumentando a disponibilidade de recursos para obras e/ou investimentos.
É provável, ademais, que um bom marketing político-administrativo tenha contribuído para o prestígio dos prefeitos. Parece ter sido capaz de vender ao eleitorado até mesmo obras tidas como polêmicas por um público mais especializado.
O cenário, de todo modo, é positivo para as instituições: um eleitorado que está satisfeito com seus governantes locais não deixa de indicar alguma melhora no nível dos próprios administradores, na opinião do único juiz válido, o eleitor.

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