São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996
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Sindicato patronal apóio Erundina

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez nesta campanha eleitoral, Luiza Erundina (PT) recebeu apoio de uma entidade patronal. Trata-se do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Paulo, que tem 40 mil filiados. O PT teve origem em sindicatos de trabalhadores.
"Esperamos vê-la retornando para a Prefeitura de São Paulo", disse Nelson de Abreu Pinto, presidente do sindicato, durante reunião ontem com a candidata. Ele reclamou de "preconceitos" da gestão Paulo Maluf com o setor.
Pinto queixou-se principalmente de abusos praticados pela atual administração na fiscalização de bares e restaurantes da cidade. Citou, como exemplo, outdoors acusando restaurantes de servirem "filé com barata frita".
"Foi um tratamento preconceituoso, que não existiu na gestão de Erundina", afirmou. A petista disse que durante seu governo "houve fiscalização eficaz, sem esses abusos de autoridade, marca registrada do atual prefeito".
Erundina tem visitado entidades empresariais desde o início de sua campanha. Seu objetivo era desfazer a imagem negativa que seu partido tem junto ao empresariado. Foi bem-recebida em vários locais, mas sem obter apoio explícito.
Autocrítica
O apoio do sindicato dos hoteleiros serviu para que Erundina fizesse autocrítica sobre o radicalismo do PT que, segundo ela, acabou. Para ela, houve necessidade de o PT ser radical nos seus primeiros anos de existência.
"Fomos radicais. Mas se não tivéssemos sido radicais, não teríamos nos firmado como partido", declarou. Para ela, o radicalismo foi uma "questão de sobrevivência", uma alternativa para o partido crescer e se consolidar.
Ela reconheceu que o PT agiu com "estreiteza e sectarismo", inclusive no início de sua gestão na prefeitura paulistana, em 88. Mas disse que o partido continua radical apenas "naquilo que acreditamos, como a defesa da ética".
Citou como exemplo de amadurecimento do PT o seu diálogo com os empresários. Antes, disse, havia um muro separando partido e empresariado. "Hoje temos uma relação muito mais próxima."
Contribuintes
Erundina voltou a dizer que está disposta a divulgar a relação das pessoas que contribuíram financeiramente com sua campanha. Mas condicionou a liberação dessa lista à divulgação dos contribuintes dos demais candidatos.
"Na hora que os outros abrirem (as contas) nós também vamos abrir", declarou. "Para nós isso não é problema. Até porque não temos dinheiro em excesso." A petista participou ontem de carreata em bairros da zona leste da cidade.

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