São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Polícia investiga 'escolinha do crime'

RODRIGO VERGARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil investiga a existência de uma "escolinha de crime" no bairro de Higienópolis (centro de São Paulo), informou ontem o delegado Orlando Basilio Ivanov, 50, titular do 77º DP (Santa Cecília).
Essa é uma das explicações para a semelhança entre dois assaltos praticados nesta semana em prédios vizinhos da rua Albuquerque Lins por pessoas diferentes.
No último assalto, ocorrido anteontem, três jovens foram presos, acusados do roubo, mas em reconhecimento realizado na madrugada de ontem constatou-se que não eram os mesmos do outro crime, praticado na quarta-feira.
"O modo de atuação foi muito parecido. Ou são parte de uma mesma quadrilha, o que eu acho difícil, ou estão ensinando uns aos outros", disse o delegado.
Nos dois casos, os ladrões dominaram o morador na garagem, levaram-no ao apartamento e ameaçaram as vítimas para que apontassem cofres e objetos de valor.
Ivanov disse que foi a primeira vez no bairro que se prende acusados de roubo de apartamentos.
Violência Os dois roubos foram diferentes no grau de violência.
No assalto de anteontem, a tradutora Toune Rosset, 42, que ficou em poder dos assaltantes com seu filho, das 20h30 às 21h45, disse que os ladrões teriam jogado álcool em seu corpo e ameaçado atear fogo.
A prisão dos acusados foi feita pela PM, avisada por outro filho, que viu o apartamento revirado. Naquele instante, os acusados e as vítimas estavam em um dos outros cômodos do imóvel.
Os acusados teriam reagido à prisão e, em uma troca de tiros, Sérgio Gonçalves Silva, 20, levou tiros no peito e no braço.
Pistas
Sobre o outro crime, cometido às 20h40 de quarta-feira, a polícia não tem pistas dos assaltantes.
Naquele momento, os moradores do prédio estavam na sala de reuniões do edifício discutindo propostas para melhorar a segurança.
Três homens, usando capuzes, abordaram um dos moradores, de 25 anos, e o levaram para seu apartamento, número 142. O morador pediu à Folha para que seu nome não fosse publicado.
No apartamento, ameaçaram a empregada, o pai e a mãe do rapaz. Segundo moradores, a mulher teria sido agredida com um soco por ter reagido ao assalto.
Os moradores foram presos no apartamento e os assaltantes deixaram o prédio caminhando calmamente. "Eles conversavam sobre uma pizzaria", disse o porteiro Jaelson Severino da Silva, 33, que trabalhava naquele dia.
O porteiro foi o único a ver os assaltantes sem capuz e diz que não os tinha visto entrar no prédio.

Texto Anterior: Enquete recolhe 'votos' sobre a causa da violência em SP
Próximo Texto: Morador muda hábitos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.