São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996
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Juro cai no over e BC muda minibanda

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REDAÇÃO

Excesso de dinheiro. Foi o que derrubou os juros ontem no over. A taxa-over média caiu de 2,61%, na véspera, para 2,59%.
Na realidade, caiu até mais. No final do dia, o dinheiro chegou a ser ofertado a 2,50%.
O governo federal repassou, avalia o mercado, R$ 1,5 bilhão para Estados e municípios. Outros R$ 900 milhões ingressaram para o pagamento do funcionalismo e o resgate desta semana de BBCs (Bônus do Banco Central) foi responsável pela entrada de mais R$ 600 milhões.
Deve ainda entrar na conta parte de R$ 1,2 bilhão antecipado ao Ministério da Saúde por conta do que ainda será arrecadado com o CPMF (o imposto do cheque).
A liquidez menos apertada acabou ajudando a derrubar as taxas no mercado futuro mais do que a futura (e acordada) desoneração do ICMS (imposto que incide na circulação de mercadorias e serviços) para os exportadores.
É que, a partir de agora, imagina o mercado, a liquidez deve reduzir a diferença entre a TBC (Taxa do Banco Central) e o juro do over. Em agosto, a diferença chegou a bater em 15 pontos.
No câmbio, o BC pregou um pequeno susto no mercado. O BC alterou a minibanda em 0,1%. Foi a quinta alteração do mês.
O ritmo de mudança na minibanda não assustou -é até esperada mais uma correção de 0,1%.
O que causou um certo nervosismo foi o fato de o BC ter usado dois leilões, embora consecutivos, para estabelecer o novo piso (R$ 1,015) e o novo teto (R$ 1,020) da minibanda.
No segundo trimestre, a balança comercial ficou deficitária (importação superando as exportações) com um crescimento da ordem de 2% do PIB (Produto Interno Bruto, que mede a riqueza nacional).
Mas, convém lembrar, que o que querem os analistas é rigorosamente impossível.
Eles querem balança positiva e continuidade do ingresso financeiro de dólares sem um crescimento explosivo da dívida interna. Não há milagre. alguém tem que pagar a conta. Resta definir quem.
Ontem, os juros de 30 anos dos EUA voltaram a subir e a empurrar para baixo as Bolsas (a paulista caiu 0,73%) e os títulos da dívida externa.

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