São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996
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Banco Central quer Bamerindus enxuto

CARI RODRIGUES
GUSTAVO PATÚ

CARI RODRIGUES; GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Contrapartida seria linha de crédito com prazo de 90 dias com custo de TBC mais 4% de juros ao ano

O Banco Central pretende convencer os dirigentes do Bamerindus a reduzir o tamanho da instituição e de seu conglomerado, após ser efetivada a operação de socorro que está sendo negociada entre as duas partes.
As negociações devem estar concluídas em uma ou duas semanas, segundo se espera no BC. O Bamerindus necessita de uma linha de financiamento para cobrir compromissos de curto prazo.
Independentemente da solução, o BC quer ver diminuído o porte do banco do ex-ministro da Agricultura, o senador, José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR).
Para isso, o Bamerindus se livraria de operações problemáticas como as carteiras de crédito imobiliário e rural -que poderiam entrar como garantias em uma linha de financiamento.
Além disso, o BC pretende convencer Andrade Vieira, por meio de seus diretores e assessores diretos, a vender empresas do grupo, como a Inpacel, que opera no setor de papel e celulose.
Esse é um caminho alternativo à troca do controle no Bamerindus -opção estudada pelo BC, mas descartada por Andrade Vieira. Um banco menor e ajustado teria melhores condições de recuperar sua credibilidade.
Financiamento
A intervenção é uma opção descartada pelo BC. A medida teria um impacto negativo no mercado.
Hoje, o banco de Andrade Vieira toma pelo menos R$ 1,1 bilhão diariamente da CEF (Caixa Econômica Federal) para fechar o seu caixa.
Embora o presidente do BC, Gustavo Loyola, negue que esteja negociando uma linha de financiamento para o Bamerindus, técnicos do órgão confirmam em reserva essa possibilidade.
Entre as alternativas, já existe na legislação uma linha com prazo de 90 dias, renovável, com custo de TBC (Taxa Básica do BC) mais 4% de juros ao ano. A TBC de setembro foi fixada em 1,88%
Esse empréstimo especial é uma linha do redesconto (assistência financeira à liquidez) e pressupõe um plano de reestruturação do banco.
O Bamerindus está pagando à CEF uma taxa muito maior para manter sua liquidez diária, segundo se estima no BC.
Essa saída evitaria que o Bamerindus vendesse sua carteira imobiliária para a CEF, que só poderia comprá-la com recursos do programa que incentiva a fusão de bancos, o Proer.
A liberação de recursos pelo Proer somente pode ser feita com a transferência do controle acionário, uma possibilidade descartada por Andrade Vieira.

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