São Paulo, sábado, 24 de agosto de 1996
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Pearl Jam surpreende no quarto disco

MARISA ADÁN GIL
DA REPORTAGEM LOCAL

Valeu a pena esperar. Depois de um ano e nove meses de silêncio, o Pearl Jam retorna com um disco surpreendente.
A última grande banda "de Seattle" não passou por nenhuma mudança radical. O que espanta em "No Code" é a melhora geral na qualidade do som.
O Pearl Jam sempre foi uma banda OK, mas sem brilho. Quem segurava as pontas -e muito mais- era Eddie Vedder, misto raro de talento e carisma.
Em seu quarto álbum, os músicos se revelam, finalmente, à altura de seu vocalista.
Fogem da obviedade do som "grunge" (pesado, lento e melódico) e incorporam sons tribais, new wave, thrash e blues.
Eddie, enquanto isso, caminha a passos largos para se tornar o melhor cantor de rock do planeta.
O disco seria tão bom quanto "Ten" (a estréia da banda, de 1991), não fosse um detalhe: não há nenhum hit como "Alive".
O mais perto que o grupo chega de um refrão cantável é "Smile", balada rock que remete à recente parceria entre PJ e Neil Young.
Outra que deve agradar aos fãs antigos é "Red Mosquito", com longos solos e final apoteótico.
Mas o melhor são as surpresas. "Present Tense" começa como balada, ameaça um blues e cai no rock pesado, apenas para voltar ao silêncio. É a maior viagem do CD.
Uma bateria tribal faz toda a diferença em "In My Tree", rock pesado atípico e hipnótico.
Há duas baladas de peso: "Sometimes" e "Off He Goes", talvez a mais bem-sucedida incursão do Pearl Jam pelo folk.
No outro extremo, produzem algumas das faixas mais pesadas de sua história: "Lukin", uma vinheta hardcore, e "Hail Hail", com riffs fortes.
O "grunge" pode estar morto, sepultado sob o britpop e a avalanche de cópias do Nirvana. Mas, com "No Code", o Pearl Jam mostra que ainda está na briga.

Disco: No Code, Pearl Jam
Lançamento: Sony
Preço: R$ 20 (o CD, em média)

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