São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Competência coloca a Williams no topo

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Há dois anos a equipe Williams decidiu mudar de sede. A transferência de local, porém, poderia influir no desempenho esportivo.
Avaliado os riscos, uma consultoria de renome foi contratada para conduzir a mudança, que, assim, ocorreu sem traumas.
Na verdade, nenhum funcionário da Williams parou de trabalhar nem um minuto sequer. Todos, sem exceção, deixaram suas mesas de trabalho em final do expediente e, no dia seguinte, voltaram a elas -só que já no novo prédio.
Tudo isso teve um preço, que a Williams pagou regiamente: uma temporada de exposição da logomarca da consultoria no capacete de Damon Hill, o sujeito mais fotografado da F-1 nos últimos três anos depois de Michael Schumacher. Bom negócio para todos.
Seria impossível precisar quantos décimos de segundo a Williams ganhou nas pistas com tamanha organização. Mas uma pequena comparação esclarece.
Neste ano, a Arrows, do brasileiro Ricardo Rosset, também mudou de sede. Levou três meses. E um promissor início de temporada foi por água abaixo devido a absurdos, como a falta de peças de reposição em alguns GPs.
A época romântica da F-1, quando um bom projeto, um bom mecânico e um piloto audaz resolviam a parada, acabou nos 60.
Os times se transformaram em empresas, e organização, logística, finanças e marketing se tornaram disciplinas tão importantes quanto engenharia e aerodinâmica.
Todo esse trabalho pouco aparece. Mas é uma das marcas da escuderia capitaneada por Frank Williams e Patrick Head desde meados da década de 70.
Em 1980, a dupla conquistou seu primeiro título de construtores graças a um acordo de patrocínio maluco com milionários árabes.
No auge da era turbo, em 86, o terceiro mundial foi arrebatado com a força dos motores Honda, outra associação inusitada.
Preterido pelos japoneses, que não resistiram à McLaren formada com Alain Prost e Ayrton Senna, o time resgatou a Renault em 89.
Três anos mais tarde, o conjunto iniciou uma impressionante escalada de quatro títulos em cinco temporadas, o último conquistado há duas semanas, na Hungria.
E, a partir de hoje, na Bélgica, seus dois mais ilustres funcionários, Damon Hill e Jacques Villeneuve, lutam sozinhos pelo Mundial de Pilotos de 96.
Uma confortável situação, fruto de um trabalho intenso, que parece extrapolar o sentido esportivo da F-1, mas que foi provocado por ele.

Texto Anterior: Jogos Paraolímpicos terminam hoje à noite; NBA terá partidas na Europa e no México
Próximo Texto: WILLIAMS X FERRARI; WILLIAMS X WILLIAMS; WILLIAMS X TWINGO
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.