São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996
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Tiririca reage a Pitta e ironiza os políticos

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O palhaço Tiririca, 31, sugeriu ontem a censura aos políticos, ao reagir à declaração do candidato a prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PPB), que disse à Folha considerar "correta" a censura de música do artista, por ofender os negros.
"Não conheço esse cara, mas ele tem boca e fala o que quiser. Acho então que deveriam censurar tudo, principalmente esses caras que fazem promessas e não cumprem", disse Tiririca, de Fortaleza (CE), onde relaxa por cinco dias.
Perguntado se Pitta seria mais um político a só fazer promessas, Tiririca afirmou: "Não entendo nada de política. Mas eu só vejo promessas. Se ele (Pitta) defende a censura contra mim, espero que Deus o ajude. Eu não o censuro. Cada um pensa do seu jeito".
Em entrevista exclusiva publicada ontem pela Folha, Pitta defendeu a censura à música "Veja os Cabelos Dela", por considerar que sua letra é preconceituosa em relação aos negros. "A ofensa aos negros (na música) é deplorável", disse o pepebista.
Pitta disse que "não se pode confundir liberdade de expressão com liberdade de agressão".
Candidato apoiado pelo do atual prefeito paulistano, Paulo Maluf, Pitta declarou também que "o exercício da democracia deve dar todo o direito de manifestação, sem que se ofenda outras pessoas".
"Só levo alegria"
Tiririca -seu nome verdadeiro é Francisco Everardo Oliveira da Silva- diz que não houve intenção de atacar ninguém com a música.
"Sou um palhaço e levo alegria às pessoas. Fiz a música para minha mulher, numa brincadeira com ela. A decisão está nas mãos do juiz. Você acha que (a música) é ofensiva?", chegou a indagar Tiririca, que é adorado pelas crianças.
A Justiça determinou a retirada do disco do mercado e proibiu sua execução nas rádios. Um dos trechos da música diz que "essa nega fede, fede de lascar, bicha fedorenta, fede mais que um gambá".
Nascido em Itapipoca (CE), Tiririca revelou que no pleito presidencial de 1990 votou "no cara que perdeu" (referência ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, derrotado por Fernando Collor).
Na eleição presidencial de 1994, ele votou "no homem" (Fernando Henrique, que venceu Lula).

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