São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996
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Congresso suspende análise de projeto

Estados querem atuar na privatização

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A disputa dos governadores pela partilha dos recursos a serem arrecadados com a privatização da Companhia Vale do Rio Doce (cerca de R$ 6 bilhões) suspendeu ontem a tramitação do projeto que submete a venda da empresa à prévia autorização do Congresso.
A decisão de retirar o projeto da pauta foi do líder do PT, José Eduardo Dutra (SE), autor da proposta. Ele disse que o objetivo do projeto havia sido "totalmente desvirtuado" pelas negociações.
Segundo ele, o acordo que o governador de Minas, Eduardo Azeredo (PSDB), estava fazendo com o Senado para que 50% dos recursos do leilão fossem aplicados nos Estados de maior influência da empresa deturpou a idéia original.
Liberdade
Apesar de o projeto ter saído da pauta, a proposta de Azeredo será apresentada pela senadora Regina Assumpção (PTB-MG).
Os governistas comemoraram a decisão de Dutra. "A retirada é ótima para o governo, que continua a ter liberdade para privatizar a Vale e aplicar os recursos como quiser", disse o líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF).
Antes da proposta de Azeredo, o governo dava como certas a rejeição do projeto de Dutra e a aprovação do substitutivo do senador Vilson Kleinubing (PFL-SC). O substitutivo autorizava o governo a vender a Vale sem consultar o Congresso, mas recomendava a aplicação do valor arrecadado nos Estados carentes de obras de infra-estrutura, "preferencialmente" naqueles onde a Vale atua.
A proposta para que 50% dos recursos fiquem nos seis Estados onde se concentram as maiores atividades da Vale (MG, SE, BA, PA, ES e MA) provocou a cobiça de outros governadores. Marcello Alencar (PSDB), do Rio, pediu que seu Estado também fosse incluído.
Os governadores de Tocantins e Mato Grosso do Sul pediram sua cota na divisão do bolo, já que a empresa atua nesses Estados.

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