São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996
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Especialistas querem unificar polícias

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

Especialistas em segurança pública defendem, a curto prazo, "investimentos emergenciais" nas polícias Civil e Militar e, a longo prazo, a unificação das duas corporações.
A unificação, proposta pelo deputado federal Hélio Bicudo (PT), é apoiada por promotores e cientistas políticos, que, no entanto, dizem ser necessário ocorrer antes o reaparelhamento da polícia e a contratação de novos policiais.
Segundo Bicudo, a separação das polícias Civil e Militar duplica os gastos dos Estados, que "acabam gastando com quartéis e com delegacias, com centros de comunicação diferentes e com pessoal burocrático distinto".
Bicudo sugere a criação de "unidades integradas de segurança pública". Seriam prédios instalados em bairros que abrigariam juízes, promotores, delegados de polícia, investigadores, além de policiais voltados para a ronda ostensiva.
"Dessa forma, a apuração de crimes seria agilizada e a impunidade, diminuída", afirmou Bicudo.
Mais polícia
O cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, do Núcleo de Estudos da Violência, concorda com a proposta do deputado, mas diz que "diante da situação emergencial em que se encontra a segurança pública em todo o país, não há possibilidade de esse projeto ser aprovado pela atual legislatura".
"A curto prazo, é preciso implantar ações imediatas, emergenciais, de controle do desempenho da polícia e de aumento e redistribuição do efetivo da polícia nas regiões mais violentas", afirmou.
O coordenador do setor de combate ao crime organizado da Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo, promotor Mário Papaterra Limongi, diz que apóia a unificação da polícia, mas reconhece que, no momento, "a aprovação de uma medida como essa encontraria dificuldades praticamente intransponíveis".
Sem rivalidades
Segundo ele, por enquanto, o ideal é fornecer mais recursos e aumentar o efetivo da polícia e "evitar que ocorra rivalidade e disputa entre as polícias Civil e Militar".
Segundo o delegado Carlos Sequeira, assessor da Delegacia Geral de Polícia de São Paulo, a separação entre as polícias "é uma tradição brasileira". Ele defende uma "harmonização" do trabalho das duas polícias, sem a separação.
Para que houvesse a unificação, seria necessário mudar a Constituição. Segundo Bicudo, a supervisão militar ficaria a cargo exclusivamente das Forças Armadas.

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