São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996
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Educador critica a inclusão de ética e sexo no 1º grau

LUCIA MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

A proposta do MEC (Ministério da Educação) de incluir no currículo de 1º grau das escolas públicas e particulares de todo o país educação sexual e ética é utópica e desnecessária.
Essa é a opinião da maioria dos especialistas em ensino, educadores e representantes de escolas, de professores e de alunos ouvidos pela Folha ontem.
"Acho que a intenção é boa, mas não acredito que acrescentar disciplinas vai resolver o problema do ensino básico. Temos problemas mais sérios e precisamos melhorar o que já existe. Acho que essa proposta é utópica", diz Mauro Bueno, presidente da Aipa, Associação Intermunicipal de Pais e Alunos de São Paulo.
Bueno defende um programa de redução de evasão escolar. "O governo tem que se preocupar em manter o aluno na escola."
Opinião semelhante tem o chefe do Departamento de Filosofia da Educação da Faculdade de Educação da USP, Evaldo Vieira.
"Acho importante que as escolas discutam ética, mas a prioridade do governo em relação ao ensino básico deve ser a de reformar a essência do sistema", diz. Por "essência", ele entende aumento de salários dos professores, treinamento dos profissionais, redução da repetência etc.
Temas importantes
Todos concordam, no entanto, que discutir ética e ensinar educação sexual nas escolas é muito importante.
"Ninguém duvida que as escolas tenham que trabalhar esses temas. Mas nós já fazemos isso. Essa discussão sempre é presente", diz Mauro Aguiar, diretor do Colégio Bandeirantes, zona sul de SP.
Sylvia Gouvêa, diretora pedagógica do Grupo (que reúne 62 escolas particulares de SP), que fez parte do grupo que ajudou na elaboração do projeto do MEC, afirma que a discussão da ética deve permear todas as disciplinas.
Treinamento
Para o diretor-presidente da Apeoesp (sindicato dos professores de São Paulo), Roberto Felício, o país não conta com um número de professores capacitados suficiente para dar aulas de ética em todo o país. Segundo ele, o treinamento deveria ser intenso.
"O espírito crítico exige um bom preparo", concorda Hebe Tolosa, da Apaesp (associação de pais do Estado de São Paulo).

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