São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996
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Crowd mortal

CARLOS SARLI

A palavra crowd se incorporou ao vocabulário dos surfistas, mais tarde sendo adotada também por outros grupos.
E ganhou mais significado que o literal: multidão. Geralmente, a expressão está associada a uma situação incômoda, desagradável. Crowd maldito.
Neste fim-de-semana, estive em Andradas (MG) para acompanhar a segunda fase do Campeonato Paulista de Paragliding, disputado no Pico do Gavião. Patrocinado pela No Fear, com apoio da American Airlines, o circuito vem contribuir com o crescimento que o esporte vem vivendo.
Pude perceber no paragliding o que já visto em outros esportes. Um universo ainda pequeno de praticantes, onde todos se conhecem, alguns já explorando comercialmente a atividade, e a competição definindo os moldes minutos antes do início. Tudo numa vibe amigável.
Enquanto fazia um vôo duplo com o Roberto Hering, pioneiro no esporte, que atualmente produz equipamentos e ministra cursos para iniciantes, fiquei preocupado com uma eventual colisão no ar entre os cerca de 20 voadores de asas e paraglidings que disputavam o lift, a área próxima à montanha, que facilita a permanência no ar.
Roberto tratou de me tranquilizar, enquanto explicava as regras de prioridade no ar. Com mais de 2.000 vôos nas costas, ele me deixou absolutamente seguro enquanto realizava meu primeiro vôo. Pousamos 40 minutos mais tarde na rampa de onde decolamos.
No mesmo sábado, em Brasília, dois voadores de asa se chocaram enquanto treinavam para o Brasileiro, que aconteceu no domingo. Ambos dividiam com outros voadores uma térmica quando houve a colisão.
O paulista Luís Fernando Amorim, o Tinho, 26, não teve a mesma sorte que seu colega de Brasília, que conseguiu abrir o pára-quedas reserva e chegar com poucos ferimentos ao chão. Morreu.

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