São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996
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Mundo globalizado transforma a liberdade em quantidade

DA REPORTAGEM LOCAL

A liberdade, em um mundo globalizado, pode ser vitimada pelo excesso de informação.
A conclusão foi resultado do encontro entre o cientista social Candido Mendes e o historiador Nicolau Sevcenko, que debateram anteontem, na série "Diálogos Impertinentes", limites, formas e possibilidades que o conceito de liberdade pode assumir.
A série "Diálogos Impertinentes" -promovida pela Folha, PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e Sesc (Serviço Social do Comércio)- consta de debates mensais que reúnem personalidades de áreas diferentes para discutir temas genéricos.
Os encontros se realizam no teatro da Pontifícia Universidade Católica (TUCA).
Para o historiador Nicolau Sevcenko, o mundo de alta tecnologia produz uma "implosão de informação não-articulada".
O volume de informações pode causar uma ilusão: a de que há uma socialização do saber, resultando em uma liberdade, nunca antes vista na história do homem, de acesso ao conhecimento.
Sevcenko lembrou que essa liberdade está nas mãos dos poucos que controlam a tecnologia.
Candido Mendes reforçou essa idéia ao apresentar o conceito de "inércia da informação": "O que há de escolha livre em meio à quantidade de informação é na verdade regulado por uma ditadura da moda e da inércia", disse.
Em um segundo momento, os debatedores falaram sobre a construção, na história do homem, do que se acreditou ser a liberdade.
Uma idéia que teria como um de seus momentos decisivos a democracia na Grécia antiga, que sempre formulou a liberdade como um direito de poucos, já que a sociedade necessitava de escravos para seu funcionamento.
A conversa continuou em sua reconstituição histórica ao apontar no cristianismo um elemento transformador para a liberdade.

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