São Paulo, quinta-feira, 29 de agosto de 1996
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Discursos mostram altos e baixos da reunião

JOHN CARLIN
DO "THE INDEPENDENT", EM CHICAGO

Os americanos raramente são acusados de ter um senso de proporção, mas, mesmo para os seus padrões, a convenção democrata está sendo uma justaposição de altos e de baixos, do sublime e dos erros vergonhosos.
A justaposição se manifesta principalmente nos discursos, que variaram na noite de anteontem -em apenas duas horas- da oratória magnífica de Jesse Jackson à expressão açucarada da estreante Tipper Gore (mulher do vice-presidente); da grande inteligência do ex-governador de Nova York Mario Cuomo às banalidades sem caráter do governador de Indiana, Evan Bayh ("meus pais não começaram com muito, mas eles acreditavam na promessa da América", "sinto falta da minha mãe.").
É como ir a um festival de música e ver uma banda de colegiais e Eric Clapton no mesmo palco.
Manipulação
Pessoas inteligentes estão orquestrando tudo isso sob o palco, supostamente para obter o máximo efeito de manipulação.
A sala 56, onde os funcionários do estádio trocam de roupa, foi equipado com um palanque e um "teleprompter" (equipamento que mostra o discurso do orador) para que Hillary e Jesse pudessem ensaiar seus discursos sob os olhos observadores de um especialista em pausas dramáticas e "horas de aplauso" de Washington.
O monumento mais sagrado do prédio, o vestiário dos Bulls, foi convertido em uma sala de recepção, para que figuras importantes do Partido Democrata alimentem e embebedem seus amigos e seus patrocinadores.
Um fotógrafo está a mão para tirar fotos de recordação dos convidados em frente aos armários, nos chuveiros e posando próximo a um uniforme usado por Michael Jordan, a superestrela do basquete cuja popularidade deixa a de Bill Clinton e Bob Dole no chão.

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