São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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Laboratórios vão associar inibidores

AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A RECIFE

A associação de dois inibidores de protease pode ser o próximo passo na busca de um novo "coquetel" contra a Aids, mais barato e mais confortável para os doentes.
Os laboratórios Abbott e Roche, que produzem o ritonavir e o saquinavir, estão testando esses dois medicamentos associados. Os resultados -segundo diretores da Abbott- são animadores.
Os inibidores de protease atacam o vírus na sua fase de amadurecimento, dificultando a contaminação de outras células. Infectologistas independentes afirmam que a associação das duas drogas faz com que uma aumente a capacidade de absorção da outra.
John Martin Leonard, vice-presidente de desenvolvimento de medicamentos antivirais da Abbott, diz que os dois inibidores de protease dão os mesmos resultados que a combinação de três drogas do "coquetel" com AZT, 3TC e um inibidor de protease.
A diminuição de uma droga reduziria o número de cápsulas. No "coquetel", são 24 cápsulas tomadas em três vezes ao dia. Na associação estudada serão 12 cápsulas ingeridas duas vezes ao dia. Segundo os médicos, essa redução significa conforto para pacientes que tomarão remédios muitos anos.
Outra vantagem importante -segundo Martin Leonard- é a redução dos custos. Ele acredita que a associação das duas drogas permitirá uma queda de 40% no preço do tratamento -o que significa baixar o custo mensal de R$ 1.200,00 para R$ 720,00.
Há outras notícias esperançosas. Dois outros inibidores de protease estão para ser aprovados pelo FDA, órgão dos EUA que controla alimentos e remédios.
Os três laboratórios que já lançaram inibidores de protease (Merck, Abbott e Roche) estão na corrida em busca de novas drogas.
A Abbott já anunciou que estuda um inibidor de protease de segunda geração que seria até 20 vezes mais potente que o atual.
"Terá que ser mais eficaz, mais barato e que provoque menos efeitos colaterais e desconforto aos pacientes", diz Martin Leonard.
Segundo ele, ainda este ano um candidato portador do vírus começará a tomar a nova droga. "Pode ser que em pouco tempo a pesquisa seja ampliada."
Em outra frente, pesquisadores independentes estão trabalhando na busca de uma droga que possa inibir a terceira e última proteína do HIV, a integrase.
Alguns cientistas afirmam que não vale a pena trilhar esse caminho, porque a integrase não teria um papel importante na multiplicação e nos avanços do vírus.
Robert Murphy, diretor da Unidade de Tratamento do HIV da Universidade de North-Western, de Chicago (EUA), que veio ao congresso de Recife, disse que um inibidor da integrase, associado às drogas já existentes, significaria um cerco total ao HIV.
A integrase é uma proteína que atua na fase intermediária do processo de desenvolvimento do HIV.

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