São Paulo, segunda-feira, 2 de setembro de 1996
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Unesp avalia programa de melhoria da graduação

FERNANDO ROSSETTI
DO ENVIADO ESPECIAL

O PET (Programa Especial de Treinamento), que busca a melhoria do ensino de graduação e pós desde 1979, está hoje revelando alguns de seus melhores resultados.
Mantido pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), um órgão do Ministério da Educação, o PET dá bolsas para os alunos que se destacam em determinados cursos. Em grupo, eles desenvolvem trabalhos extracurriculares sob a supervisão de um professor tutor.
Até 1992, o PET funcionou de forma bastante desestruturada -principalmente de 90 a 92, quando o governo Collor literalmente fechou a Capes.
Sofreu, desde então, uma completa reestruturação, introduziu uma avaliação bem mais rigorosa. Cada grupo recebe uma nota e apresenta relatórios e planos de atividades todo semestre.
Hoje atende 60 instituições de ensino superior -públicas e particulares-, cerca de 3.200 estudantes (com bolsas de R$ 241), divididos em 325 grupos.
Alguns eventos neste semestre mostram a nova vitalidade do programa: há duas semanas, os grupos PET de economia se reuniram para trocar experiências em Uberlândia (MG); em novembro, todos os grupos do Paraná têm reunião semelhante; e, na semana passada, a Unesp (Universidade Estadual Paulista) realizou seu 2º Encontro PET, em Águas de Lindóia (170 km ao norte de São Paulo).
Líder nacional em grupos PET -tem 30, contra 15 da USP-, a Unesp reuniu pela primeira vez todo o pessoal envolvido no programa, cerca de 400 pessoas, entre bolsistas, tutores, coordenadores dos cursos de graduação, representantes da reitoria e da Capes.
"Dentro da Unesp, esse programa se afina com o movimento de revitalização da graduação", afirma a pró-reitora de Graduação, Maria Aparecida Bicudo.
Experiências
O grupo PET da Agronomia da Unesp de Jaboticabal, por exemplo, reúne graduandos que desenvolvem pesquisas em áreas que vão do controle biológico de pragas a brigas de galo.
Como todos os bolsistas do programa, os 12 alunos não podem repetir, estudam inglês e informática, têm reuniões no mínimo uma vez por semana, e trabalham com frequência nos finais de semana.
Nas reuniões, além de discutirem em grupo seus projetos individuais, formulam propostas de trabalho em grupo, como promover eventos que integrem os pais dos alunos, os professores e os funcionários do curso.
Nas ciências sociais de Marília, maior trabalho desenvolvido "é em torno da história das ciências sociais no Brasil", afirma o bolsista Marcelo Almeida, 24.
"Hoje, a questão da profissionalização no curso de ciências sociais é uma discussão que está muito presente no grupo", diz a professora-tutora, Isabel Faleiros.
O grupo de matemática de São José do Rio Preto até faz comida na hora do almoço na faculdade para dar para se reunir.
Com todas essas atividades, os alunos viram uma espécie de liderança em suas classes e faculdades, introduzindo uma reflexão mais aprofundada nos cursos -exatamente o objetivo do PET.
(FR)

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