São Paulo, terça-feira, 3 de setembro de 1996 |
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Diretor do FMI critica contas do governo
VIVALDO DE SOUSA
Segundo o diretor do Departamento de Assuntos Fiscais do FMI, o governo precisa de "um novo e significativo arrocho fiscal". Embora ressalvando que as medidas do governo estão na direção correta, Tanzi disse que o aumento da dívida e dos gastos públicos ainda são fonte de preocupações. "É urgente melhorar ainda mais as finanças públicas", afirmou. Segundo Tanzi, a taxa de juros média que incide sobre a dívida pública supera em pelo menos dez pontos percentuais a taxa de crescimento real do PIB (Produto Interno Bruto), a soma dos bens e serviços produzidos no país. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que o PIB cresça 2,5% em termos reais (acima do aumento da população) em 96. Se o governo não melhorar o superávit primário (resultado das contas públicas descontadas as despesas com juros da dívida), essa relação deve aumentar substancialmente. A previsão de superávit primário do governo para 96 (1% do PIB) é muito baixa, disse Tanzi. "Seria necessário um aumento substancial do superávit e redução adicional das taxas de juros reais sobre a dívida", disse. "O ajuste aqui precisa ser mais rápido porque a dívida está crescendo." "Tenho pouca esperança de que seja possível baixar de forma duradoura as taxas de juros reais, a menos que o atual desequilíbrio na mistura de política fiscal e política monetária seja corrigido por meio de um novo e significativo arrocho fiscal", afirmou o economista. Tanzi disse que o governo deve usar os recursos do programa de privatização para reduzir a dívida. "Mas a privatização não pode ser vista como uma medida substituta do ajuste fiscal", afirmou. Outra medida importante, segundo Tanzi, é a aprovação das reformas estruturais (administrativa, previdenciária e tributária), ainda em discussão no Congresso. Malan responde As declarações de Tanzi foram feitas durante o Seminário Internacional sobre Finanças Públicas, em comemoração aos dez anos de criação do Tesouro Nacional, que contou com a presença do ministro Pedro Malan (Fazenda). Depois de ouvir Tanzi, Malan afirmou que o governo sabe ser necessário reduzir os gastos públicos e vem adotando medidas nesse sentido. "Não discordo de nada que foi apresentado. As questões levantadas fazem parte das nossas discussões de governo", afirmou. Texto Anterior: Ministro e MST ampliam tom de críticas Próximo Texto: Meta deve ser cortar gastos Índice |
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