São Paulo, terça-feira, 3 de setembro de 1996
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Ministro e MST ampliam tom de críticas

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O MST, a principal entidade representante dos sem-terra no país, e o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) tiveram mais um dia de confronto ontem.
Eles trocaram acusações por causa das invasões da delegacia do Ministério da Fazenda em São Paulo e de fazendas no Pontal do Paranapanema (SP) e em Santa Catarina.
"Enquanto esse 'ministrinho' não quiser falar com a gente, milhares de trabalhadores vão para as ruas", disse Gilberto Portes de Oliveira, um dos coordenadores do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Ele responsabilizou Jungmann por estimular a retomada das invasões porque se recusou a negociar com o MST, há duas semanas, sem que antes fosse selado um compromisso de que não haveria ocupações em prédios públicos.
"A invasão da delegacia da Fazenda é um equívoco, uma provocação, a exemplo da invasão da Superintendência do Incra em Cuiabá", disse Jungmann.
Sem negociação
O ministro Jungmann telefonou ontem para o ministro Pedro Malan (Fazenda) e acertou uma posição conjunta de governo contrária a negociações com o MST enquanto houver ocupações de prédios públicos.
Por meio de assessores, Jungmann informou que "reitera o propósito de não negociar com o MST sem o compromisso com os direitos humanos e a integridade do patrimônio público".
Os sem-terra reivindicam a liberação de créditos para a reforma agrária às famílias já assentadas. Eles querem a liberação de R$ 247 milhões.
Apoio da igreja
A retomada das invasões do MST ocorreu no fim-de-semana, envolvendo cerca de 2.300 famílias no Pontal do Paranapanema e 800 famílias em Santa Catarina.
A decisão do MST de promover novas invasões foi anunciada por Gilberto Portes de Oliveira durante ato público no acampamento da entidade, montado desde o último dia 12 na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
"Onde houver um latifúndio improdutivo, haverá uma bandeira do MST", disse ele. No ato público, o padre Luiz Bassegio, assessor das pastorais sociais da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), disse que "a igreja apóia a reforma agrária".
Segundo Portes de Oliveira, a prioridade das novas ocupações será em 36 áreas já desapropriadas por decreto presidencial.

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