São Paulo, terça-feira, 3 de setembro de 1996
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Refeição a bordo atrai empresas

'Catering' é setor concentrado

NELSON ROCCO
DA REPORTAGEM LOCAL

O fornecimento de alimentação em aeronaves é concentrado nas mãos de oito grandes empresas, mas o crescimento da aviação no país é um indicador de que o setor ainda tem muito a crescer.
Dados do Ministério da Aeronáutica mostram que o número de aviões das empresas brasileiras está aumentando. Até o final de 95, eram 271. Em julho, o número passou para 318 -mais 17,34%.
Atualmente, as 18 empresas aéreas que exploram o mercado fazem uma média de 1.108 vôos mensais. Isso sem contar as companhias internacionais.
Os empresários do setor de "catering" tentam assustar quem pensa em chegar perto deles, com volumes de produção astronômicos. Mas se recusam a mostrar os números de suas empresas.
A RA (Restaurante do Aeroporto) é uma das grandes empresas de "catering". Segundo Eduardo Piragini, 37, gerente de produção, a empresa atende Varig, Transbrasil, Rio Sul e TAM.
Volume
"Só no aeroporto de Congonhas (São Paulo) fornecemos 12 mil refeições por dia", afirma. A RA tem cozinhas em cinco capitais.
Como o preço de cada bandeja varia entre R$ 6,50 e R$ 7,00, apenas em um aeroporto a RA vende entre R$ 2,34 milhões e R$ 2,52 milhões por mês.
Christina Peters, 48, diretora da Sky Chefs -subsidiária da Lufthansa-, diz que o segmento tem muitas exigências.
"Para se instalar no aeroporto, como concessionário, ele deve estar disposto a pagar entre 4% e 10% do faturamento mensal", afirma.
A unidade do aeroporto de Cumbica (São Paulo) da Sky Chefs produz cerca de 15 mil refeições por dia, atende a 32 companhias e emprega 600 funcionários.
Christina não comenta nem faturamento nem lucratividade. Diz apenas que um almoço completo na aeronave custa entre US$ 4 e US$ 8, dependendo da sofisticação. Dá entre US$ 60 mil e US$ 120 mil/dia em apenas um aeroporto.
Cuidados
A empresária diz que o tempo de preparação dos alimentos deve ser o mínimo possível. Os pratos são elaborados entre seis e oito horas antes de o avião decolar.
Para as empresas nacionais, o cardápio muda a cada sete dias. Nos serviços internacionais, a troca de cardápio é mensal.
A empresa é responsável por toda a etapa do serviço, da preparação de pães à retirada e lavagem de bandejas sujas.
A Sky Chefs tem a própria padaria, uma doçaria e câmara frias.
Piragini reconhece que em cidades de menor porte pode haver mercado para pequenas empresas.
Começo
Valdemir Pintija, 46, dono da Lanchonete Belo e da LC Catering, no aeroporto de Viracopos, em Campinas (99 km a noroeste de São Paulo), é um desses pequenos.
Sua empresa só atende a aviões cargueiros. "Servimos todos que descem em Viracopos. São mais ou menos 80 aviões por semana."
Pintija vem fazendo o trabalho desde 88 e serve entre quatro e cinco pratos para cada avião. "É uma forma de começar."
O faturamento da empresa varia de R$ 50 mil a R$ 60 mil por mês. Para aumentar as vendas, Pintija tenta contatos com a TAM e com a Rio Sul, pois quer servir também os passageiros dos aviões.

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