São Paulo, terça-feira, 3 de setembro de 1996
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Censura ronda a produção musical no país

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Uma disputa de gato e rato com a censura ronda a China. Os roqueiros tentam destilar em suas músicas ironias e críticas contra o regime comunista, enquanto os censores do governo cortam as letras e tentam identificar as "mensagens indesejáveis" que, às vezes, aparecem sob uma cortina de fumaça.
"O chinês é uma língua cheia de sutilezas", explica Cui Jian. "Muitas palavras carregam vários significados, e buscamos transmitir nossas mensagens, de certa insatisfação com a realidade, por metáforas".
O roqueiro batizou seu primeiro CD com o nome de "Rock'n'Roll na Nova Longa Marcha". Nos anos 30, comunistas chineses cruzaram o país combatendo tropas nacionalistas em epopéia conhecida como "A Longa Marcha".
O Dinastia Tang provocou mais indignação entre os herdeiros de Mao Tsé Tung ao gravar hinos comunistas em ritmo de heavy metal. Comenta-se que os roqueiros conseguem sobreviver aos golpes da censura por serem filhos de oficiais do Exército chinês.
Mas Zhang Ju, baixista do Dinastia Tang, nega que o grupo faça críticas ao sistema. "Política é um jogo para os velhos, não é interessante para nós", afirma ele.
Cui Jian conta que a censura costuma ser implacável quando palavrões aparecem em suas músicas. "Eles não vacilam na hora de cortar essas partes", observa o roqueiro.
A principal estrela do rock chinês recusa o rótulo de "cantor político". Ele admite, no entanto, que suas músicas trazem "referências à situação atual", mas enfatiza como tema principal de suas composições "a emoção".
(JS)

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