São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996 |
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Atafona vira 'cidade fantasma'
SERGIO TORRES
Atafona é um lugarejo que cresceu sobre o delta (terreno na foz de um rio, geralmente cortado por canais de ligação com o mar) do rio Paraíba do Sul. Deltas são áreas que mudam de forma no decorrer dos tempos. Nos países desenvolvidos, há limites para a permissão de assentamentos urbanos em deltas, considerados, como as encostas, áreas de risco. Os primeiros indícios de que o mar avançava sobre Atafona surgiram em 1968. Em 28 anos, a destruição foi avassaladora. Cidade Fantasma Em 89, o professor Mauro Argento, do Departamento de Geografia da UFRJ, chegou a escrever que Atafona se assemelhava a "uma cidade fantasma". O texto de Argento integra o livro "Coastline of Brazil", editado pela Asce (American Society of Civil Engineers). Hoje, a população que habitava a costa se transferiu para o interior de São João da Barra. Pescadores que moravam há décadas na região foram obrigados a se mudar. Muitos abandonaram a pesca, meio de vida que manteve gerações de famílias em Atafona. Explicações Há duas teses sobre o que estaria causando a destruição do delta do rio Paraíba do Sul. Para a pesquisadora Georgiane da Costa, do Programa de Engenharia Oceânica da UFRJ, as alterações provocadas ao longo do rio Paraíba originaram o problema em Atafona. O Paraíba nasce em São Paulo, atravessa o Estado do Rio e desemboca no oceano Atlântico na altura de São João da Barra. Em Piraí (RJ), 60% do volume líquido do Paraíba é desviado para abastecer a região metropolitana do Rio. Até desaguar no mar, o rio passa por diversas barragens. A cada represamento, o rio perde volume e sedimentos que seriam depositados no delta. Sem os sedimentos, o delta passa a não ter como resistir à progressão do mar, segundo a tese da pesquisadora. A tese do professor Argento apresenta outra explicação. Para ele, houve uma acomodação das camadas de terras subaquáticas no decorrer de milhares de anos. O delta teria perdido altura, proporcionando a invasão oceânica. (ST) Texto Anterior: Mar avança e ameaça área urbana no Rio Próximo Texto: Canal prejudica praia do Leblon Índice |
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