São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996
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Canal prejudica praia do Leblon

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A abertura, há 50 anos, do canal do Jardim de Alá é a principal causa do progressivo sumiço da praia do Leblon, na zona sul do Rio.
Divisor das praias de Ipanema e do Leblon, o canal faz a ligação entre o oceano e a lagoa Rodrigo de Freitas. Sem o canal, Ipanema e Leblon seriam uma única praia, com faixa de areia contínua.
Segundo estudo dos professores Paulo César Rosman e Enise Valentini publicado pela Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia), da UFRJ, o mar, ao longo dos anos, impulsionado pelo vento, foi jogando a areia do Leblon para dentro do canal.
A quantidade de areia do complexo Leblon/Ipanema é fixa. As praias não recebem areia de Copacabana e São Conrado, de quem são separadas por morros.
Ventos
O sistema de ventos e marés de Leblon e Ipanema muda de acordo com a estação do ano.
No inverno, o vento sudoeste impulsiona as ondas em direção a Ipanema. As ondas levam a areia do Leblon para Ipanema. A praia do Leblon esvazia, a de Ipanema engorda.
No verão, com a entrada do vento sudeste, ocorre o contrário.
Com a abertura do canal, esse ciclo se alterou. A areia levada pelo mar do Leblon para Ipanema passou a entrar no canal.
Com o assoreamento causado pela areia depositada, o canal passou a ser dragado regularmente. O problema é que a areia retirada do canal não era devolvida à praia do Leblon.
"No decorrer das décadas, essa quantidade gigantesca de areia acabou diminuindo o estoque do Leblon. Como a praia não recebe areia, foi ficando cada vez menor", disse Enise Valentini.
Em 1988, após ressaca que destruiu a tubulação do emissário oceânico de esgotos, o Programa de Engenharia Oceânica da Coppe preparou estudo sugerindo à Prefeitura do Rio a realização do engordamento artificial do Leblon.
O estudo sugeriu ainda o início da medição sistemática das características do mar que banha o complexo Ipanema/Leblon, de modo a obter informações que levem a uma solução definitiva para o problema.
O engordamento vem sendo realizado em caráter emergencial, após grandes ressacas. O monitoramento do mar nunca ocorreu.
(ST)

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