São Paulo, sábado, 7 de setembro de 1996
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BB dá mais crédito a áreas não-agrícolas

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil diminuirá, em termos relativos, a participação do financiamento à produção agrícola no conjunto dos empréstimos que concede, informou ontem o presidente da instituição, Paulo César Ximenes.
Segundo ele, isso não significa que o BB vá emprestar menos dinheiro ao setor -que atualmente absorve 60% dos empréstimos do banco, dono de 80% do financiamento agrícola-, mas que vai diversificar ainda mais a sua atuação.
Ximenes afirmou que a "dependência do Banco do Brasil em relação ao setor agrícola acaba gerando uma concentração perniciosa". Ou seja, qualquer problema na área rural acaba repercutindo na instituição.
"Na medida que o BB atenda mais à média empresa, à pequena empresa, a outros setores, a participação da área rural se reduz, não porque esteja reduzindo o financiamento ao setor agrícola, mas por aumentar em outras áreas", disse Ximenes.
Gradativa
O presidente do banco informou, ainda, que a redução será gradativa e levará tempo.
Ximenes afirmou que acredita que há espaço para os bancos privados atuarem no financiamento agrícola, desde que se convençam que o pior, "na área rural, já passou".
Uma das alternativas de diversificação para o Banco do Brasil, segundo Ximenes, é financiar outros negócios ligados ao setor rural, além da produção agrícola.
"Hoje, o banco está tentando fazer a ligação do produtor com a compra de insumos pela empresa que elaborará o bem, a indústria avícola que vai comprar o milho para aquele produto, que vai moer a soja para exportar o óleo", explicou o presidente do BB.
Créditos
Ximenes informou também que o Banco do Brasil tem, nominalmente, R$ 25 bilhões em créditos a receber, mas esclareceu que essa cifra não será recuperada, por resultar de taxas de juros propositalmente altas, para evitar inadimplência.
"Isso aí vai passar por negociações", afirmou.
A securitização atingiu R$ 5,7 bilhões em empréstimos concedidos ao setor agrícola, que foram rolados.
Recuperação
Segundo Ximenes, a auditoria feita no banco no início de sua gestão, que começou em fevereiro do ano passado, comprovou a atuação de quadrilhas que autorizavam a rolagem automática de créditos perdidos e de difícil recuperação.
Esses créditos e o fim do ganho com a inflação -que provocou uma perda de R$ 3,4 bilhões para a instituição- causaram, de acordo com Ximenes, o prejuízo no Banco do Brasil.

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