São Paulo, domingo, 8 de setembro de 1996 |
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Governo vê dificuldades, mas MP fica Empresários pedem solução DENISE CHRISPIM MARIN
O sistema, que tem provocado queixas de parceiros comerciais brasileiros na OMC (Organização Mundial do Comércio), estaria também quebrando o setor de autopeças, afirmam os empresários. O governo, por meio do MICT (Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo), até admite o fato, mas, em princípio, quer evitar alterações no regime -reivindicação mais forte dos empresários e sindicalistas. O Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores) prevê que, das atuais 850 empresas, 500 fechem suas portas até o final do século -a exemplo do que ocorreu com outras 1.200 nos últimos quatro anos. "A escala de produção das empresas de autopeças é dramática", afirmou Antonio Sérgio Martins Mello, secretário de Política Industrial do MICT. "É difícil competir com os produtores estrangeiros", disse. O MICT estuda soluções para o setor. Empregos A tendência de eliminação de 3.000 postos de trabalho por mês, apontada pelos sindicatos dos metalúrgicos das regiões produtoras, deve ser mantida. Empresários e sindicalistas afirmam que o regime automotivo, do jeito que está, favorece a importação de autopeças e expõe o produtor nacional a uma competição desleal. Em 1995, a importação de autopeças pelas montadoras locais aumentou 35,13% em relação a 94. No período, a capacidade ociosa da indústria saltou de 17,3% para 20%, e o número de empregos caiu de 177,9 mil para 161 mil. Para contornar o problema, o Sindipeças quer a elevação da tarifa de importação de autopeças dos atuais 2% para 18%. Também quer a adoção do conteúdo nacional de 90% para veículos fabricados no país e a redução das vantagens para as novas montadoras que se instalarem no país, que podem importar peças e carros prontos por três anos. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, acompanha as reivindicações do Sindipeças e ameaça radicalizar seus protestos. "Se o governo não agir, vamos levar 2.000 trabalhadores ao porto de Santos e impedir o desembarque das mercadorias", afirmou o sindicalista. A CUT (Central Única dos Trabalhadores), por sua vez, propõe a adoção de cota para a entrada de carros importados até o final do século. "Eu não quero saber como o governo vai defender essa idéia diante da Organização Mundial do Comércio. Estou é preocupado com o emprego", afirmou Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, presidente da CUT. Texto Anterior: Zerar inflação já é desafio nas negociações salariais Próximo Texto: Parceria com montadora é opção Índice |
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