São Paulo, quarta-feira, 11 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo negocia acordo para Estados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA SUCURSAL DO RIO; DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

O governador do Rio Grande do Sul, Antônio Britto (PMDB), disse ontem que está "praticamente fechado o acordo" para resolver o problema da dívida mobiliária (em títulos) dos Estados e municípios.
A Folha apurou que uma das propostas apresentadas pela equipe econômica prevê a transformação da dívida mobiliária em dívida contratual junto à União.
Nesse caso, os títulos estaduais hoje em poder dos bancos seriam trocados por papéis federais -ou seja, a dívida junto ao mercado seria federalizada. Com isso, o custo da dívida estadual seria reduzido, mas os Estados teriam de iniciar os pagamentos.
R$ 46,52 bilhões
Em julho, a dívida mobiliária dos Estados e municípios estava em R$ 46,52 bilhões, conforme dados do Banco Central. Essa dívida vem sendo renegociada mensalmente com base na taxa Selic (juros dos títulos públicos).
Com a transformação dessa dívida em contratual, seria adotado um índice de preços para sua correção -o que significaria variação abaixo da taxa Selic.
O início do pagamento de parte da dívida é uma das divergências entre governo federal e Estados.
Prazo, taxa de juros e carência são itens que faltam ser fechados, afirmou o governador após reunião com o ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Os quatro maiores Estados (Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais) são responsáveis por 89,76% da dívida mobiliária dos Estados, segundo o BC.
Esses quatro Estados somavam dívida mobiliária de R$ 36,32 bilhões -a soma de todos os Estados chegava a R$ 40,46 bilhões em julho passado. Os municípios deviam mais R$ 6,06 bilhões, o que totalizava R$ 46,52 naquele mês.
Moratória
Na última sexta-feira, o governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), pediu a suspensão por 180 dias do pagamento do principal das dívidas contratuais do Estado junto à União.
Alencar pretende também buscar uma solução para a dívida contratual do Rio.
Ele quer encontrar, em conjunto com os governos estaduais de São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas, uma solução para renegociar o pagamento das dívidas com a União.
O secretário de Fazenda do Estado do Rio, Edgar da Rocha, já se reuniu com seus colegas dos outros três Estados, anteontem, para começar a discutir o assunto.
Em sua estratégia, o governador fluminense preocupa-se em desfazer a idéia de que o Rio quer privilégios só para si.
Outra preocupação é negar que o Estado queira uma moratória, termo que considera muito forte, por dar a idéia de falência.
"Isso é uma enormidade, não existe nenhuma moratória", declarou Alencar anteontem.
A idéia de uma moratória despertou a preocupação das lideranças do governo no Congresso e foi atacada anteontem pelo senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
O governador de Pernambuco, Miguel Arraes (PSB), poderá reivindicar a moratória da dívida do Estado com a União, caso o governo federal aceite proposta semelhante feita pelo governo do Rio de Janeiro.
"Não precisamos pedir moratória, mas se o governo conceder aos outros Estados, nós também queremos o mesmo tratamento", disse Arraes.
Para o governador, as dificuldades financeiras "atingiram a todos" e, por isso, "não ficaria bem" para o governo federal "discriminar os que se sacrificaram para equilibrar suas contas".

Colaborou a Agência Folha, em Recife

Texto Anterior: PFL quer punir aliado contrário à reeleição
Próximo Texto: Governo pode abrir mão de gasoduto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.